Cientistas israelenses superaram com sucesso o primeiro teste de um revolucionário sistema para gerar energia elétrica a partir da pressão exercida por veículos, que poderia se transformar em uma fonte ilimitada de energia renovável.
O novo sistema, testado recentemente em uma estrada do centro de Israel, inspira-se nas propriedades dos materiais piezelétricos. "Estes materiais permitem a conversão da energia mecânica exercida pelo peso dos veículos em energia elétrica", explicou a cientista Lucy Edery-Azulay.
A inovadora tecnologia é resultado de longos anos de pesquisa no Technion - Instituto de Tecnologia de Israel, e desde 2007 pela empresa tecnológica Innowattech, da qual a entidade acadêmica é parceira. As unidades geradoras são colocadas sob o asfalto das estradas, e a energia acumulada por sua deformação é armazenada em baterias ao longo da calçada, para depois ser transferida facilmente à rede nacional.
O teste, realizado sem o conhecimento dos motoristas, incluiu um pavimento adaptado de 13 m e, com a energia elétrica acumulada, foi possível iluminar a extensão elétrica de um trecho da via.
Com placas geradoras ao longo de um quilômetro, seria possível gerar energia elétrica suficiente para abastecer 2,5 mil casas, afirmam os cientistas. Segundo Edery-Azulay, "cada pista pode produzir por quilômetro cerca de 200 quilowatt-hora", por isso uma estrada de quatro faixas produziria 1 megawatt-hora.
"Nossos cálculos de otimização preferem estradas de uso massivo, pelas quais passem por hora cerca de 600 veículos pesados, ou seja, de caminhonetes para cima", especifica a cientista.
"O peso é decisivo para a quantidade de energia a ser gerada", insiste, "e, no que diz respeito ao motorista, é uma estrada absolutamente normal que não produz consumo extra de combustível ou causa desgaste algum ao veículo".
Israel, um país de pouco mais de 22 mil km² quadrados, conta com cerca de 250 km de estradas nas quais seria possível instalar os revolucionários geradores, e a empresa já fabricou também unidades para linhas ferroviárias, pedestres e aeroportos.
Ao contrário de outros métodos de energia renovável, como a eólica ou a solar, estes geradores não dependem das condições meteorológicas, mas apenas do fluxo de veículos ou pessoas.
Também não requer grandes obras, pois a instalação dos geradores é feita quase na superfície - cinco centímetros de profundidade - e seu custo é menor que o dos sistemas de energia solar, enquanto se obtém quase o mesmo ponto de consumo, barateando os custos da extensão elétrica.
Após o primeiro teste, os pesquisadores se voltam agora para o programa piloto de ampliar a superfície geradora a um quilômetro, antes de passar para a fabricação em massa de unidades geradoras às empresas elétricas.
"Chegaram pedidos de todo o mundo", afirma Edery-Azulay, consciente de que ainda está longe o dia em que este recurso limpo e, a princípio, ilimitado, se transforme em substituto dos combustíveis fósseis.
"Estamos ainda muito longe de poder nos desvincular das usinas elétricas convencionais", adverte a cientista, que vê no Ocidente um dos mercados prioritários para o novo sistema, devido à grande quantidade de caminhões pesados que rodam pelas estradas europeias e americanas.
Fonte: Terra
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