Na casa do programador de informática Anderson Santos Silva, a turma de cães que aderiu à novidade é grande: são quatro (Bela, Rita, Sindy e Nino), todos vira-latas recolhidos das ruas.
A opção por alimentá-los sem carne reflete o comportamento de Anderson, vegetariano há sete anos. “Pelas mesmas razões que eu não como carne, meus cães também não comem: quero menos sofrimento para os animais de fazenda e melhor uso dos recursos naturais. Eu seria incoerente se financiasse uma indústria [a de ração à base de carne] a qual combato”, afirma.Antes de definir a dieta dos animais, Anderson consultou uma veterinária, que avalizou a mudança. Para se certificar da decisão, ele importou um livro de receitas para cães vegetarianos, feitas com ingredientes como arroz, lentilha, aveia, couve e cenoura. Hoje a alimentação dos bichos é uma mescla das receitas extraídas do livro e da ração vegetariana.
A combinação, garante Anderson, não traz nenhum dano à saúde dos cães. “Meus cachorros estão há três anos fazendo essa dieta e permanecem ativos e saudáveis. Fisicamente, são iguais aos outros cachorros do bairro. Não há por que mudar.”
Necessidade médica
No caso da terrier brasileiro (ou fox paulistinha) Pipa, a “guinada verde” teve origem em uma alergia às proteínas da carne. “Ela tinha intolerância a todas as rações que eu comprava. Era comer e ela já se coçava. Às vezes chegava até a sangrar”, lembra o dono da cachorrinha, o professor curitibano Francisco Menegotto.
A solução veio com a ração vegetariana, que é servida com porções de cenoura e de couve. Para acabar de vez com as coceiras, também foi necessário substituir o petisco habitual da mascote. “Tive de trocar o osso tradicional por um artificial, de couro”, conta o dono.
Da mesma forma que os cães de Anderson, Pipa, que deixou de comer carne há quase quatro anos, tem a saúde perfeita. “Ela nunca teve problema por falta de nutrição. Pelo contrário, como é muito gulosa, já teve época em que ficou um pouquinho acima do peso.”
Ração verde
De acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, só há uma ração vegetariana em comercialização no país, a da marca Fri-Ribe. O produto foi criado há dez anos pelo nutricionista da empresa e passou por algumas modificações.
Hoje a ração tem como base um composto de cenoura desidratada, espinafre, arroz integral, proteína de soja e polpa de beterraba. De acordo com a fabricante, o produto, que tem custo similar às rações tradicionais, ainda tem pouco mercado e não representa nem 1% do faturamento da empresa.
Dicas: Orientações e riscos
A médica veterinária Danielle Murad Tullio, da Clínica Pet Imagem, de Curitiba, recomenda a alimentação à base de vegetais apenas em casos de necessidade médica. “Só se deve alimentar um cachorro com legumes se ele for intolerante à carne. Nos outros casos, o ideal é uma dieta equilibrada, pois os cães preferem carne e têm, inclusive, uma dentição preparada para isso.”
Quando se decide modificar a dieta do bicho, é aconselhável pedir orientação a um veterinário. “É perigoso a pessoa preparar uma dieta para seu cachorro a partir do que tem na geladeira. É uma tarefa para a qual ela não está preparada”. Danielle também orienta o dono a não abrir mão da ração, ainda que à base de legumes. Os vegetais, dessa forma, são servidos como complemento, sem riscos para a saúde do cão.
Serviço
Em Curitiba, a ração vegetariana pode ser encontrada na DRS Distribuidora de Rações: Av. Brasília 6.740, Xaxim. (41) 3247-3433. Racil Rações: Av. Prefeito Erasto Gaertner, 2.415, Bacacheri. (41) 3256-4332.
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