segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Um centro de recuperação de chimpanzés

Este é um lugar especial. É uma ilha onde convivem homens e chimpanzés em harmonia, o que já é raro. Mas não é só isso que faz a diferença. Aqui, os homens estão a serviço dos macacos.

Por exigência dos veterinários que cuidam dos animais, a equipe do Fantástico teve que tomar oito vacinas, tirar radiografia do pulmão e vestir uma roupa especial para entrar no santuário dos chimpanzés. Mas eles não estão preocupados com a nossa saúde. O cuidado é com a saúde dos macacos, para que não sejam transmitidas doenças para eles.

O santuário dos chimpanzés, Negamba, é uma ilha no meio do Lago Vitória, o maior lago da África. A Ilha dos Macacos faz parte de Uganda e funciona como um centro de reabilitação para animais traumatizados, que sobreviveram à violência dos caçadores.

A cerca de arame eletrificado impede que os bichos passem para a área onde vivem os técnicos do projeto. Mas, diariamente, muitos dos macacos saem da floresta e vêm dormir na área protegida da ilha. Eles passam por um túnel, o acesso entre o dormitório e a mata.

Lá vivem 43 chimpanzés. Todos estes animais são estressados. Eles são órfãos e chegaram depois que viram as mães e os pais serem mortos por caçadores. Em geral, foram salvos por guardas quando atravessam a fronteira levados por contrabandistas. Seriam vendidos a zoológicos, circos e criadores em outros países. Um filhote de chimpanzé pode valer US$ 10 mil.

Para pegar um filhote, são mortos, em média, dez macacos adultos. Quando uma mãe é atingida pelos tiros, quase sempre outra fêmea recupera o filhote e corre pela mata tentando escapar dos caçadores.

A primeira chimpanzé a chegar no santuário, há nove anos, fica olhando para cima o tempo todo. Ela foi apreendida quando os contrabandistas já estavam passando pela fronteira de Uganda com o Congo.

Aicuro, como é chamada, foi arrancada com fogo do corpo da mãe morta. Como ela não desgrudava da mãe, os caçadores atearam fogo. Ela chegou ao santuário muito traumatizada e até hoje recebe atenção especial dos técnicos.

Cinco mil chimpanzés são mortos por ano na África. A carne é consumida até nos restaurantes das grandes cidades. A caça, o contrabando e o desmatamento ameaçam a sobrevivência da espécie.

No início do século passado, havia 1,5 milhão de chimpanzés na África. Hoje, são menos de 200 mil. Se a matança continuar neste ritmo, daqui a 10 ou 15 anos estarão extintos. Na ilha orfanato os chimpanzés estão protegidos. O objetivo é recuperá-los para a vida selvagem.

Os mais cotados para sair são aqueles que não voltam ao anoitecer para dormir na área cercada e os que dispensam o suplemento alimentar oferecido três vezes ao dia. Mas os cuidados com os chimpanzés na ilha vão muito além de comida, remédio e proteção.

Como conta o veterinário Fred Lisenmana, a convivência é tão intensa que os animais tornam-se parte da vida dos técnicos.

“Eles nos tratam como irmãos e irmãs e nós os tratamos da mesma forma”, diz o veterinário.

De fato, os chimpanzés não largaram da nossa equipe durante toda a nossa visita à Ilha dos Macacos. A intimidade entre homens e chimpanzés é evidente.
(Fonte: Fantástico / Rede Globo)

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http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=40687

Duas macaquinhas na mão da Justiça

Uma família de São Paulo, que mantém dois chimpanzés em casa, não aceita devolvê-los para a mata, como a Justiça ordenou. E recorreu à lei dos homens para ficar com os bichos.

As chimpanzés Megh e Debbie vivem com a família Forte há dois anos, num sítio em Ibiúna, na Grande São Paulo. O sítio é um santuário animal licenciado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, o Ibama.

As duas, que nasceram em cativeiro, foram doadas por um zoológico particular do Ceará, que não existe mais. O Ibama entrou na Justiça porque afirma que a família não conseguiu comprovar a origem legal dos animais.

“É a forma que temos de controle para evitar que ocorra captura na natureza e tráfico de animais silvestres. Neste caso, é uma espécie exótica”, explica Antônio Ganme, da fiscalização de fauna do Ibama.

A Justiça Federal decidiu, então, que Megh e Debbie têm de ser soltas no seu ambiente natural. Isto significa enviá-las de volta para a África. O medo da família é de que as duas não resistam se tiverem que voltar ao habitat natural. Por isso eles pediram aos advogados que aplicassem uma lei usada para seres humanos e entraram com um pedido de hábeas corpus no Superior Tribunal de Justiça.

A família afirma que o DNA do macaco é 96% igual ao dos seres humanos. Assim, para a família Forte, o hábeas corpus que vale para os humanos vale para os chimpanzés.

“O remédio do hábeas corpus é processual e destinado a proteger o cidadão no gozo das suas garantias constitucionais estabelecidas. Não imagino como um chimpanzé possa ser protegido, possa ser entendido pela legislação brasileira como titular de direitos e obrigações”, afirma Flávio Ahmed, da Comissão de Direito Ambiental da OAB no Rio de Janeiro.

O pedido de hábeas corpus começou a ser julgado esta semana no Superior Tribunal de Justiça. Na última sexta-feira, porém, o Ibama abriu uma possibilidade de entendimento com os donos de Debbie e Megh.

“Reintroduzi-los na natureza é absolutamente inviável”, opina Antônio Ganme, do Ibama.

“O que importa, na verdade, é o bem estar das meninas”, diz o proprietário das chimpanzés, Rubens Forte.
(Fonte: Fantástico / Rede Globo)

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http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=40686

ATO DE REPÚDIO À APROVAÇÃO DA LEI AROUCA- 18 DE SETEMBRO - BRASÍLIA