Este é um lugar especial. É uma ilha onde convivem homens e chimpanzés em harmonia, o que já é raro. Mas não é só isso que faz a diferença. Aqui, os homens estão a serviço dos macacos.
Por exigência dos veterinários que cuidam dos animais, a equipe do Fantástico teve que tomar oito vacinas, tirar radiografia do pulmão e vestir uma roupa especial para entrar no santuário dos chimpanzés. Mas eles não estão preocupados com a nossa saúde. O cuidado é com a saúde dos macacos, para que não sejam transmitidas doenças para eles.
O santuário dos chimpanzés, Negamba, é uma ilha no meio do Lago Vitória, o maior lago da África. A Ilha dos Macacos faz parte de Uganda e funciona como um centro de reabilitação para animais traumatizados, que sobreviveram à violência dos caçadores.
A cerca de arame eletrificado impede que os bichos passem para a área onde vivem os técnicos do projeto. Mas, diariamente, muitos dos macacos saem da floresta e vêm dormir na área protegida da ilha. Eles passam por um túnel, o acesso entre o dormitório e a mata.
Lá vivem 43 chimpanzés. Todos estes animais são estressados. Eles são órfãos e chegaram depois que viram as mães e os pais serem mortos por caçadores. Em geral, foram salvos por guardas quando atravessam a fronteira levados por contrabandistas. Seriam vendidos a zoológicos, circos e criadores em outros países. Um filhote de chimpanzé pode valer US$ 10 mil.
Para pegar um filhote, são mortos, em média, dez macacos adultos. Quando uma mãe é atingida pelos tiros, quase sempre outra fêmea recupera o filhote e corre pela mata tentando escapar dos caçadores.
A primeira chimpanzé a chegar no santuário, há nove anos, fica olhando para cima o tempo todo. Ela foi apreendida quando os contrabandistas já estavam passando pela fronteira de Uganda com o Congo.
Aicuro, como é chamada, foi arrancada com fogo do corpo da mãe morta. Como ela não desgrudava da mãe, os caçadores atearam fogo. Ela chegou ao santuário muito traumatizada e até hoje recebe atenção especial dos técnicos.
Cinco mil chimpanzés são mortos por ano na África. A carne é consumida até nos restaurantes das grandes cidades. A caça, o contrabando e o desmatamento ameaçam a sobrevivência da espécie.
No início do século passado, havia 1,5 milhão de chimpanzés na África. Hoje, são menos de 200 mil. Se a matança continuar neste ritmo, daqui a 10 ou 15 anos estarão extintos. Na ilha orfanato os chimpanzés estão protegidos. O objetivo é recuperá-los para a vida selvagem.
Os mais cotados para sair são aqueles que não voltam ao anoitecer para dormir na área cercada e os que dispensam o suplemento alimentar oferecido três vezes ao dia. Mas os cuidados com os chimpanzés na ilha vão muito além de comida, remédio e proteção.
Como conta o veterinário Fred Lisenmana, a convivência é tão intensa que os animais tornam-se parte da vida dos técnicos.
“Eles nos tratam como irmãos e irmãs e nós os tratamos da mesma forma”, diz o veterinário.
De fato, os chimpanzés não largaram da nossa equipe durante toda a nossa visita à Ilha dos Macacos. A intimidade entre homens e chimpanzés é evidente.
(Fonte: Fantástico / Rede Globo)
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http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=40687
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