Quando o esgoto cai no igarapé, o excesso de fósforo e de outros minerais pesados, fontes de alimentos para as algas cianofíceas, gera a reprodução excesso delas na superfície do rio. Dessa forma, o isoplâncton, o fitoplâncton, alguns peixes e animais pequenos, como os caranguejos, vão desaparecendo. Essa situação causa problema às cadeias alimentares.
Essa situação existe há mais de dez anos e gera prejuízos financeiros e ambientais, como a perda de várias espécies animais e vegetais da reserva.
A maior preocupação não é só com o prejuízo financeiro, mas sim, principalmente, com o prejuízo natural, tendo em vista que, para recuperar o meio ambiente afetado, vai haver a demora de várias décadas, se for possível realizar a recuperação.
O Ministério Público, quando tomou conhecimento do problema, multou a Caesa em 10 mil reais por dia, se ela não tomar as medidas necessárias para executar a resolução do caso. De acordo com Bárbara Soares, Bióloga Voluntária da Reserva, “essa multa já foi aplicada há mais de dois anos atrás e até hoje nada foi feito. Por conta disso, foi montado um grupo ambientalista, que vem a público expor o problema, através de campanha, durante esta semana. Ela será realizada em diversos pontos estratégicos da Avenida FAB, como em frente à Assembleia Legislativa, ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça”, afirma.
Segundo a bióloga, essa manifestação é também para buscar o apoio do governador do estado, Camilo Capiberibe, para tentar resolver o problema de uma vez. Isso pode ser feito com a substituição de toda a tubulação do esgoto da Caesa. “Isso tem que ser feito, porque essa é uma situação gravíssima, é um crime ambiental muito sério, e o Revecom é uma unidade de conservação protegida por legislação ambiental pela esfera federal. E nós, como biólogos e ambientalistas, não podemos mais suportar uma situação como essa, ainda mais em um estado em que há um forte discurso ambientalista e tem 70% da sua área protegida, então acredito que cabe a nós como população e como civis defender a nossa natureza”, afirma Bárbara Soares.
O Ministério Público já se posicionou a favor do grupo, fez alguns relatórios e também multou a Caesa. O Governador do estado, Camilo Capiberibe já conversou com o gestor do Revecom, Paulo Amorim, e prometeu ajudar na resolução do caso.
REVECOM, A RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) é uma Unidade de onservação particular, onde o proprietário, de caráter voluntário, transforma o local em área protegida, amparada por lei e marcada com perpetuidade.
A Revecom foi criada no ano de 1996 e reconhecida pelo Ibama em 1998. Ela possui 17 hectares, ou seja, 171.000 m2. A área é localizada no bairro Vila Amazonas do município de Santana.
A Revecom mantém o Programa Voluntário de Atendimento à Fauna Silvestre do Amapá (PVAFS), que cuida de animais silvestres debilitados recolhidos pelo Estado. Muitos desses animais estão inseridos nas espécies em risco de extinção. Além disso, a reserva é um ponto turístico para o estado, onde existe trilhas adaptadas aos deficientes visuais e cadeirantes.
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