domingo, 1 de março de 2009

COELHOS: UM MASSACRE IGNORADO

Fontes: http://www.lav.it/index.php?id=581 / http://www.oipaitalia.com / http://docs.google.com/Doc?id=dhcc69hp_106g73v45xd&invite=d28r3sn

A pele de coelho não é - como muitos pensam - um simples subproduto da indústria da carne: no mundo, milhões de coelhos são confinados e criados apenas por causa de sua pele.
900 milhões de coelhos são mortos a cada ano no mundo
350 milhões são mortos em um ano na Europa
O maior crescimento acontece na China e nas naçoes emergentes, entre elas o Brasil.


Em geral, cada fêmea de coelho dá à luz 10 coelhinhos a cada 45 dias. Os filhotes são amamentados por cerca de 30-35 dias e as coelhas têm uma pausa de apenas 10 dias até o parto seguinte. Vivem até 2 anos, antes de acabar no abatedouro. Cada reprodutora pode gerar cerca de 80 filhos num ano, 160 nos dois anos em que a gaiola lhe permite viver...Os coelhos criados para o fornecimento de carne e pele são abatidos em 6 semanas depois que nascem e aqueles apenas para a pele, entre 3 e 5 meses.
Uma investigaçao conduzida pela ong portuguesa Animal revelou as reais condições em que os coelhos são criados:

• são mantidos em terríveis condições, em minúsculas e sujas gaiolas de metal , circundados pelos seus próprios excrementos;
• passam suas vidas em unidades intensivas, incapazes de movimentar-se livremente ou exibir comportamento natural, que é o de correr e saltar.
Além disso, não podem cavar e preparar a própria toca e sofrem uma taxa elevada de infortúnios e malformação. Sua taxa de mortalidade pode chegar a 25%. Do transporte até a morte brutal, sofrem uma série de crueldades: são amontoados em caixas plásticas, pendurados pelos pés em ganchos de metal, recebem golpes na cabeça ou são simplesmente degolados. Muitos continuam a contorcer-se quando enfrentam a fase sucessiva, na qual a pele vem separada mecanicamente do corpo.
As fotos abaixo são de coelhos criados em cativeiro. As peles extraídas são chamadas de "ecológicas" que, falsamente, dá a entender que não há mal algum em produzi-las e vendê-las.

NAO SE DEIXE ENGANAR PELA INDUSTRIA DA MODA: BOICOTE MARCAS E LOJAS QUE VENDEM PELE DE ANIMAIS!!



A PARTIR DE AGORA VOCÊ NÃO PODERÁ MAIS DIZER: "EU NÃO SABIA". NÃO COMA CARNE DE COELHOS OU DE QUALQUER OUTRO ANIMAL E NÃO USE A SUA PELE. SÓ ASSIM VOCÊ PODERÁ SALVÁ-LOS DA BRUTALIDADE E DA GANÂNCIA HUMANA.


Peta elege as celebridades mais mal vestidas de 2009

Todos os anos, o Peta - People for the Ethical Treatment of Animals ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em português - elege as celebridades mais mal vestidas.

O critéio é simples: entram na lista todos os famosos que usam roupas feitas de pele de animais. De acordo com o Peta, as celebridades têm influência na indústria da moda e, por isso, deveriam dar o exemplo, "para que todos saibam que a crueldade com os animais nunca está na moda".

"Este ano você vai encontrar a maioria dos corações frios, ofensores de mau gosto, porque qualquer celebridade que realmente se importe não usa pele de animais mortos", diz o texto que introduz a votação.

Na lista, estão a cantora Mary J. Blige, a atriz Elizabeth Hurley, a atriz Maggie Gyllenhaal, o ator Ashton Kutcher, a atriz Lindsay Lohan, a cantora Madonna, a atriz Demi Moore, a modelo Kate Moss , as gêmeas Ashley e Mary Kate Olsen, a cantora Jessica Simpson e o rapper Kanye West. A votação acontece até o dia 2 de março.

http://br.noticias.yahoo.com/s/18022009/48/entretenimento-peta-elege-celebridades-mal-vestidas.html

O consumo de carne e a degradação da Floresta Amazônica. Entrevista especial com Elke Stehfest

Fonte: IHU On-line

Na opinião da bióloga e cientista ambiental holandesa Elke Stehfest, o desmatamento realizado para a agricultura, seja para plantio de alimentos ou para o plantio de pastagens para o gado, é o fator de maior impacto na diminuição da Floresta Amazônica. Na entrevista que concedeu ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU por e-mail, a pesquisadora que trabalha na Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, na equipe IMAGE, destaca o “forte efeito da produção pecuária, especialmente criação de gado, sobre o efeito estufa”. Isso é confirmado no estudo que realizaram, acentua. A equipe IMAGE esteve extensivamente envolvida no recente relatório do IPCC e em vários outros estudos e avaliações sobre mudanças ambientais globais.

Stehfest acentua que o consumo mundial de carne precisa ser reduzido, e enumera vários outros motivos para diminuir esse consumo, para além do aumento do aquecimento global. Saúde, conservação da biodiversidade e bem-estar animal são alguns desses motivos.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A dieta do clima proposta pela Agência de Impacto Ambiental da Holanda sugere consumir até 400g de carne por semana. Com isso, a pretensão é que se reduza a emissão dos gases estufa em 10%, já que se diminuiria o número de animais criados. Qual é a viabilidade dessa proposta?

Elke Stehfest – Nós realmente calculamos um cenário com cerca de 400g de consumo de carne por semana e per capita, no mundo todo. Para muitos países desenvolvidos, isso significaria reduzir seu consumo de carne para 2/3. Para alguns países africanos isso na verdade significaria um crescimento comparado com a referência. É difícil dizer algo sobre a viabilidade, e não examinamos isso em nosso artigo. Isso obviamente depende de medidas que devem ser tomadas para que se consiga uma redução no consumo de carne. As possíveis medidas são:

- Informar os consumidores a respeito dos benefícios da redução do consumo de carne para a biodiversidade, clima e para sua própria saúde. Talvez introduzindo rótulos informativos nos produtos;

- Viabilizar alternativas saborosas para a carne. Por exemplo, burgers vegetarianos e molhos;

- Um passo ainda maior seriam medidas para proteger florestas tropicais, colocando um preço no carbono da terra. Nas negociações climáticas de Copenhagen, o mecanismo “Reduzindo Emissões do Desmatamento e Degradação” (“Reducing Emissions from Deforestation and Degradation”, REDD) é discutido como uma medida possível para reduzir emissões. Ambas podem ter um efeito nas áreas usadas para produção de carne e alimento.

IHU On-Line – Quais são as evidências científicas entre a criação dos bovinos e o aumento do efeito estufa?

Elke Stehfest – O forte efeito da produção pecuária, especialmente criação de gado, sobre o efeito estufa é muito bem estabelecido, e novamente confirmado em nosso estudo. Um dos mais bem conhecidos estudos é “A grande sombra da pecuária” ("Livestock's long shadow" - FAO ).

IHU On-Line – Que outros hábitos alimentares humanos vêm interferindo seriamente no clima?

Elke Stehfest – A produção pecuária para carne e leite/laticínios tem mesmo o maior impacto nas emissões de gases de efeito estufa.

IHU On-Line – Nesse estudo, vocês sugerem que se inclua nos rótulos o custo ambiental da carne. Acredita que a população já está suficientemente preparada e mobilizada para esse tipo de alerta?

Elke Stehfest – Alguns governos, como o holandês, também perceberam o grande impacto do consumo de carne. O governo não quer controlar a escolha dos consumidores, mas quer prover todas as informações que os farão ter uma escolha informada.

IHU On-Line – Além do fator ambiental, que outros motivos teríamos para não ingerir carne?

Elke Stehfest – Embora não sejamos especialistas nessas áreas e não examinamos isso em detalhe, afirmo que existem outras razões bem conhecidas pelas quais as pessoas comem menos carne. Saúde deve ser a razão mais importante para a redução do consumo de carne bovina e suína, uma vez que ambas são suspeitas de contribuírem para câncer no intestino e doenças coronárias.

Outras razões ambientais, junto com a mudança climática, são a conservação da Natureza e da biodiversidade, isto é, menos desmatamento tropical para a produção de carne e soja. O bem-estar animal é uma das outras importantes razões pelas quais as pessoas tentam comer menos carne ou mesmo sejam vegetarianas.

IHU On-Line – O economista norte-americano Jeremy Rifkin afirma que estamos destruindo a Amazônia para alimentar vacas. Como esse ecossistema vem reagindo a essa investida pecuarista?

Elke Stehfest – O desmatamento para a agricultura, tanto para plantio quanto para pastagem para o gado, é a mais importante razão para a degradação da Floresta Amazônica. Os efeitos desse desmatamento são:

- perda de habitats naturais

- extinção de espécies

- degradação ou erosão dos solos

- efeitos hídricos como aumento de inundações

- problemas na viabilidade de recursos hídricos com menos tamponamento florestal

- desmatamento em larga escala pode causar a morte de ainda mais florestas

- queda das chuvas em áreas de plantio no leste do Brasil (uma vez que as nuvens/chuvas são produzidas sobre a floresta tropical amazônica).

IHU On-Line – Segundo estimativas, para cada 900 kg de alimento produzido, se produz apenas 1 kg de carne. Chegou a hora de revermos nosso padrão alimentar?

Elke Stehfest – Sim, a produção de carne, especialmente a bovina, utiliza uma grande quantidade de investimento, e também investimento de terra em função de alimentar a crescente população mundial. Para conservar os habitats naturais do mundo, o atual consumo de carne dos países em desenvolvimento não pode ser seguido. Ele deve ser reduzido.

IHU On-Line – Para esse mesmo 1kg de carne produzido são necessários de 20 a 30 mil litros de água. Além disso, a pecuária é responsável por 1/3 da poluição de águas potáveis com nitrogênio e fósforo. Pode-se falar em um comprometimento do potencial hidrológico do qual dispomos em função da criação de gado?

Elke Stehfest – Os números do uso de água para a produção de carne bovina parece alto, possivelmente porque inclui a evaporação/transpiração do pasto. Se considerarmos apenas o consumo de água pelo gado da ordem de 4 a 10 litros por quilo de alimentação seca consumida e a conversão de eficiência de 30 a 60 quilos de alimento seco por quilo de carne, o consumo de água é de uma magnitude menor.

No que se refere à poluição das águas superficiais e subterrâneas, não achamos que os problemas são tão graves quanto em países como a Holanda, onde mais gado é criado em estábulos e o esterco é espalhado por áreas relativamente pequenas de terra. Nos estados brasileiros com áreas importantes de criação de gado, os sistemas são geralmente mais extensos. Com lençóis de água profundos e transporte lento de água e nitrato pelo sistema subterrâneo, as chances de ocorrer desnitrificação são grandes. Mas sim, é correto dizer que a produção de carne bovina pode contribuir para a poluição da água da superfície e subterrânea, mas é difícil dizer sem mais informações que essa contribuição é de 1/3.

Biocombustíveis: solução ou problema?

Todo dia 820 milhões de pessoas passam fome enquanto os preços dos alimentos aumentam pelo mundo todo – do México ao Marrocos. O que isso tem a ver com os biocombustíveis? A terra que deveria produzir alimentos para seres humanos está sendo substituída para produzir comida para automóveis.1

A demanda crescente por biocombustíveis está gerando graves problemas sociais e ambientais. Precisamos imediatamente de padrões globais de sustentabilidade. Participe da campanha:
Os biocombustíveis deveriam ser uma alternativa para o consumo do petróleo, recurso não renovável, poluidor e motivador de conflitos sociais pelo mundo. Porém temos que ter cuidado para que a solução não se torne o problema. Com os fortes incentivos governamentais, o crescimento desenfreado da produção de biocombustíveis está trazendo graves conseqüências sociais e ambientais como o desmatamento, a monocultura, grande emissão de carbono e o aumento do preço dos alimentos.2

Nem todos os biocombustíveis são ruins, a cana de açúcar brasileira por exemplo é mais eficiente que o milho dos EUA. Por isso precisamos de padrões globais para garantir que eles sejam produzidos de uma maneira correta sem comprometer a segurança alimentar da população, sem aumentar a desigualdade social, nem contribuir para o desmatamento. Participe da campanha por biocombustíveis sustentáveis, clique no link para enviar uma mensagem para seu representante:

http://www.avaaz.org/po/biofuel_standards_now/12.php?cl=61396596

Com tanta desigualdade no mundo a troca pode ser cruel: o tanque de um veículo grande utilitário consome uma quantidade de milho suficiente para alimentar uma pessoa por um ano. Mas os biocombustíveis não são nem deveriam ser o vilão da história, o problema são as metas astronômicas dos EUA e União Européia3 que não diferencia as práticas boas das ruins. Como resultado a monocultura se alastra pelo Brasil, florestas são desmatadas na Indonésia e as reservas de grãos pelo mundo estão baixando de forma alarmante. Os países ricos colocam sua etiqueta “ecológica” ás custas do prejuízo ambiental e social do cone sul, e as multinacinoais continuam a encher os bolsos.

Precisamos de padrões internacionais de produção de biocombustíveis imediatamente. Esse final de semana nossos representantes estarão na reunião do G20 em Chiba no Japão discutindo a soluções para o aquecimento global e essa é a nossa oportunidade de divulgar essa campanha e fazê-la ouvida pelos nossos governantes. Envie sua mensagem agora mesmo pedido uma regulamentação global para os biocombustíveis:

http://www.avaaz.org/po/biofuel_standards_now/12.php?cl=61396596

A conscientização sobre esse problema não vai acabar com a fome do mundo nem parar o aquecimento global, mas é um primeiro passo essencial. Agora é a hora de confrontarmos as soluções falsas de curto prazo e demandar soluções verdadeiras e sustentáveis. Podemos mostrar para nossos governantes que queremos fazer a coisa da forma correta, não da maneira mais fácil. Chegou a hora de colocarmos as pessoas e o planeta acima das políticas e do lucro que direcionam os acordos internacionais e nos fazer ouvir pelos nossos representantes.

Com esperança,

Ben, Ricken, Iain, Galit, Paul, Graziela, Pascal, Esra'a, Milena – a equipe Avaaz

FONTES:

[1] Agência Brasil. "Relatório da FAO aponta riscos à segurança alimentar com produção de biocombustíveis"
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/01/materia.2007-05-01.6505917455/view

[2] O Globo Online. "Os biocombustíveis e a segurança alimentar. http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2008/02/16/os_biocombustiveis_a_seguranca_alimentar-425689890.asp

[3] Inter Press Service. "Críticas aos subsídios europeus para biocombustíveis."
http://www.mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=3285

Vitela: um caso de crime hediondo

Paula Brügger

"O homem moderno toma o Ser em sua inteireza como matéria-prima
para a produção e submete a inteireza do mundo-objeto
à varredura e à ordem da produção".
(Martin Heidegger)

Segundo Paul Kingsnorth (2001), a produção industrial de leite é uma das indústrias mais tristes. Quanto mais leite e laticínios são consumidos mais as vacas são tratadas como máquinas de produzir leite para seres humanos. De acordo com o grupo PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), cerca de metade das vacas americanas vivem em fazendas de produção intensiva. Passam suas vidas em alojamentos de concreto ligadas a máquinas de ordenhar que, não raro, lhes dão choques elétricos. Mastite e infecções bacterianas, comuns em regimes intensivos, freqüentemente deixam resíduos de pus no leite que produzem. Devido à alta demanda por leite, as vacas de hoje produzem o dobro do que produziam há 30 anos e até 100 vezes mais do que produziriam no estado natural. As vacas da década de 1990 viviam apenas cerca de 5 anos, em contraste com os 20 a 25 anos de vida de 50 anos atrás. São entupidas com drogas e químicos para prevenir doenças e aumentar sua produtividade, incluindo o famoso hormônio de crescimento bovino. Os bezerros que são obrigadas a parir regularmente - para estimular a produção de leite - são separados delas em 24 horas. Não tomarão seu leite e serão vendidos como carne. Em 60 dias as vacas serão engravidadas de novo, diz Kingsnorth.

Peter Singer (2004) afirma que a indústria de produção de vitela é a atividade rural intensiva mais repugnante do ponto de vista moral. O termo vitela era reservado aos bezerrinhos abatidos antes do desmame. A carne desses animais muito jovens (macia e pálida porque não comem capim) provinha dos animais indesejados, do sexo masculino, descartados pela indústria leiteira. Um ou dois dias depois do nascimento eles eram levados para o mercado onde, famintos e assustados pelo ambiente estranho e pela ausência das mães, eram vendidos ao matadouro. Na década de 1950 produtores holandeses encontraram uma forma de fazê-los atingir cerca de 200kg (em vez de cerca de 50kg que pesam os recém-nascidos) sem que sua carne se tornasse vermelha ou menos macia. Para isso os animais passaram a viver em condições extremamente antinaturais, confinados em baias de cerca de 56cm x 137cm. Quando pequenos, são acorrentados pelo pescoço para evitar que se virem. O compartimento não tem palha ou qualquer outro tipo de forro onde deitar-se (pois os animais poderiam comê-lo, comprometendo a cor da carne). Sua dieta é líquida, baseada em leite em pó desnatado, vitaminas, sais minerais e medicações que promovem o crescimento. Assim vivem durante cerca de quatro meses, até o abate. Nessa vida miserável, mal podem deitar-se ou levantar-se. Tampouco podem virar-se. Os bezerrinhos sentem uma falta imensa de suas mães. Também sentem falta de alguma coisa para sugar, uma necessidade tão forte quanto nos bebês humanos: quando se oferece um dedo ao bezerro ele começa a chupá-lo como um bebê humano faz com seus polegares. Entretanto, desde o primeiro dia de confinamento, bebem sua refeição líquida num balde de plástico. Distúrbios estomacais e digestivos são comuns e também a diarréia crônica. O bezerro é mantido anêmico. A carne rosa, pálida, considerada uma iguaria, é na verdade uma carne anêmica. Para que cresçam rapidamente a maioria é deixada sem água, pois isso aumenta o consumo de seu substituto lácteo. A monotonia é outra fonte de sofrimento. Para reduzir a agitação dos bezerros entediados, muitos produtores os deixam no escuro. Assim, os bezerros já carentes de afeição, atividade e estimulação que sua natureza requer, vêem-se privados do contato visual com outros também. Os bezerrinhos mantidos nesse regime são muito infelizes e pouco saudáveis. Isso é o que aconteceu com o seu jantar no tempo em que ele ainda era um animal, diz Singer.

E a vitela no Brasil, como é produzida? Ainda que nem todas as etapas descritas por Singer e Kingsnorth estejam sempre presentes, a indústria de laticínios e da vitela é marcada pela violação dos corpos das vacas (que são forçadas a engravidar continuamente); pelo seqüestro de seu bebê e o roubo de seu alimento; pela tortura em cativeiro (quando há confinamento do bezerro); e pelo assassinato (já que se trata de morte desnecessária, movida por motivos hedonistas e portanto torpes). O correto, do ponto de vista ético, é a total abolição do consumo de leite e seus derivados.

Não é demais ressaltar que o consumo de leite está associado a diversos problemas de saúde como manifestações alérgicas (rinite, bronquite), além de provocar prisão de ventre, flatulência e outros distúrbios. Isso se deve, sobretudo, ao fato de muitas pessoas terem intolerância à lactose e, também, à dificuldade de metabolizar algumas proteínas presentes no leite, seja devido à sua elevada concentração (caseína), seja pela própria natureza da proteína (beta-lactoglobulina). Há ainda muita controvérsia no que tange à confiabilidade do leite como fonte segura de cálcio envolvendo questões relacionadas ao seu balanço/biodisponibilidade1.

Mas ainda que tais problemas não existissem, ou pudessem ser contornados (e alguns, de fato, podem), resta a questão ética relativa à forma como tratamos os animais. Ao nos compararmos com outras sociedades humanas que chamamos de primitivas, é possível constatar que nenhuma delas jamais dispensou um tratamento tão cruel quanto o nosso para com eles. O progresso que alcançamos é tão somente no plano técnico. No plano ético nosso progresso é mínimo, senão nulo. Em se tratando de sociedades industriais, o veganismo é a única opção eticamente correta.

Nota

1 Independentemente de adotarmos o veganismo, é bastante interessante compreender os fatores históricos, ecológicos e evolutivos subjacentes à inclusão do leite e seus derivados nas dietas humanas. Para uma rápida revisão sobre o assunto procure na Internet "Lacticínios + Wikipédia" (item História); para um maior aprofundamento recomendo, por exemplo, o capítulo que trata dos "lactófilos e lactófobos" (Lactophiles and Lactophobes: Milk Lovers and Milk Haters) no clássico livro "Good to eat - riddles of food and culture", do antropólogo Marvin Harris. Essas e outras referências, como o artigo da Dra. Denise Madi Carreiro (veja http://www.denisecarreiro.com.br/artigos_artigoleite.html) evidenciam porque o leite não é saudável ou necessário hoje.

Bibliografia citada:

KINGSNORTH, Paul. Mother's milk. The Ecologist, 31(5), junho, 2001: 38.

SINGER, Peter. Lá na fazenda industrial...In: Vida ética: os melhores ensaios do mais polêmico filósofo da atualidade. Tradução de Alice Xavier. Rio de janeiro: Ediouro, 2002: 83-94.


http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=243:vitela&catid=45:paulabrugger&Itemid=1

A missão pedagógica da Filosofia rumo a Libertação Animal

Simone Nardi

"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter,
e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com
os animais não pode ser um bom homem."
Arthur Schopenhauer

Sempre que relaciono Filosofia e Libertação Animal, recordo-me de duas grandes frases que ficaram gravadas em minha mente: "Aprender Filosofia ou aprender a filosofar"1, e a segunda de peso ainda maior, que foi dita pela filósofa Sônia T. Felipe durante uma palestra sobre o Estatuto Moral dos Animais, em meio a mestres, doutores e alunos de filosofia: "E o filósofo não pensa"2. Por aí vemos que uma relação muito forte prende as duas questões: Como pensar, senão através do aprendizado, e como aprender se não conseguimos pensar? É claro que para que o futuro filósofo pense acerca da Libertação Animal, é necessário que ele aprenda algo sobre esse assunto. Contudo, obras de filósofos que falam sobre a Libertação Animal permanecem distantes da grande maioria dos alunos de Filosofia, discussões acerca dessas questões, segundo alguns professores, serão tratadas mais adiante: "...quando aprendermos sobre o antropocentrismo e sobre o antropomorfismo"; porém, acredito que seja difícil dizer que alguns não saibam, mas aprendemos a ser antropocêntricos logo no primeiro dia de aula. O Ser3 filosófico é Humano e o não Ser, é animal, ou seja, não existe, não possui valor moral nem pode ser encarado com respeito, afinal, inexiste. "A razão é o que separa os homens dos animais", nos disse Aristóteles. "O homem é a medida de todas as coisas", nos disse Protágoras, "das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são", ou seja, somos a lei, somos as tradições, violem elas ou não as vidas alheias dos que não nos são iguais, criamos e revertemos todas as regras conforme desejamos.

E a Libertação Animal permanece longe dos bancos catedráticos como se fosse um estigma a sociedade, como se não fosse importante, não fazendo parte de nada que se refira a Ética, como se fosse ético matar e como se fosse ético proporcionar dor. Por isso um dos conceitos mais importantes na formação da Filosofia para a Libertação Animal é a Pedagogia - caminho a ser trilhado -, pois esse processo educativo pode levar tanto a opressão como a libertação, podemos não acreditar, mas existem filósofos que não possuem qualquer respeito para com a Natureza e para com a vida dos animais, sem contar que a grande maioria é antropocêntrica, não se dedicando ao estudo da moral e da ética em relação aos animais. E a Filosofia busca a todo o momento, pela eticidade dos homens, esquecendo que fazemos parte de um círculo muito maior do que o dos "divinizados" seres humanos. Libertar o homem de sua "maldade", livrar o homem de sua mão opressora através da visão de Mundo, essa é a tarefa principal da Filosofia na busca por uma ética da Libertação Animal, e por Libertação Animal devemos compreender a "Nossa Libertação", pois que também somos animais e necessitamos dessa liberdade para enxergarmos a verdade; conduzir bem esse processo de modo a que possamos nos encaminhar a Libertação e não mais a opressão, é a real tarefa da Filosofia. Através do método pedagógico, de formação, através dessa troca de conhecimento, a Filosofia poderá apresentar ao aluno todas as facetas de uma ética desprovida do antropocentrismo e de qualquer vaidade filosófica, pois os professores, seus alunos, enfim, cada pessoa já é em si mesma, formadora de opinião. Somos todos seres influenciadores e seres influenciados, pois ao mesmo tempo que interferimos no Mundo, pedagogicamente, sofremos interferências dele, também pedagogicamente. Por isso a importância dessa mudança na visão educacional dentro da Filosofia, pois a formação da sociedade tem inicio no nascimento de cada indivíduo, onde somos forjados para marginalizar os animais, a explorar seres que julgamos inferiores, principalmente quando não fazem parte da mesma espécie a qual pertencemos; nossos pais,esses os primeiros pedagogos, foram ensinados a não verem nada além da existência humana, e passaram essas lições adiante.

A difícil missão da Filosofia é agora:

1° - Libertar-se do preconceito e da vaidade

2° - Passar adiante a verdade, tal como ela é, sem espelhar-se em sua "opinião pessoal", deixando que o aluno considere o que lhe é mostrado, que problematize e compare o que aprendeu desde a infância, com aquela nova revelação que lhe surge

É certo matar animais? Por quê? Baseado em quê? Pode-se viver perfeitamente saudável sem a ingestão de vísceras de animais? Se sim, por que nos ensinaram o contrário? Quem lucra com a matança? Qual a ligação entre o abate de animais e a fome mundial? É possível mesmo acreditar na existência de uma ética que continue privilegiando uns e oprimindo outros?

Essa á função da Filosofia, fazer o futuro filósofo se questionar, buscar respostas, criar novos sistemas filosóficos não mais antropocêntricos. Privilegiar a Vida em nome da Ética e a Ética em nome da Vida.

"A vontade de poder-dominação define o perfil do ser humano das sociedades modernas". (Nietzsche).

A Filosofia ainda está presa a muitas tradições, dominada pelo antropocentrismo filosófico dos grandes homens que a fizeram nascer, existe uma ética do corpo, porém de corpos humanos, enquanto corpos de animais se avolumam num holocausto bárbaro sem fim. Mas, "o filósofo não pensa", e precisa recomeçar a pensar, pois é assim que a verdadeira Filosofia deve ser trabalhada, estudada e praticada.

"Aprender não é o bastante, é preciso praticar". (Bruce Lee)

É dever da Filosofia, através da pedagogia, "bem" dirigir os indivíduos rumo a uma ética que liberte animais humanos e não humanos, eis aí o caminho para a verdadeira Libertação Animal.

Referências Bibliográficas

FELIPE, Sônia T. - O estatuto dos animais na comunidade moral humana - Projeto Kairós- Umesp.2008

RAMOS, Cesar Augusto - Aprender a filosofar ou aprender a Filosofia: Kant ou Hegel?

BARNES, Jonathan - Filósofos Pré-socráticos.

NOTAS

1 Artigo de Cesar Augusto ramos, onde ele traça um paralelo entre os pensamento de Kant e Hegel, diante do ensino da disciplina de Filosofia.

2 Colóquio Kairós-Umesp

3 Referência casual a Parmênides e ao Ser.Segundo ele o Ser é(existe), o não Ser, não é (não existe) e não se pode falar sobre algo que inexiste.


http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=242:a-missao-pedagogica&catid=118:simonenardi&Itemid=1

A farra da Quaresma

Samantha Buglione

Quaresma, palavra latina que significa quadragésima é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Essa prática data do século IV e é a comemoração que precede a morte do Cordeiro Imolado. Segundo a crença cristã Jesus entrega-se, voluntariamente, à morte para salvar todos os seres humanos dos seus pecados. A grandeza de seu ato e da sua divindade é comprovada no milagre da ressurreição. Neste tempo, o da quaresma, os cristãos são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Essa comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. A Quaresma, com seu jejum, penitencia e caridade remonta mais a época de minha avó do que a conduta dos fanfarrões dos dias de hoje. Este período é mais conhecido pelos chocolates do domingo e pela Farra do Boi. Parece que a penitencia foi substituída pela bebedeira e pela gula e a caridade pela violência. A justificativa, afinal os seres humanos sempre tem justificativas para suas práticas, ainda mais as violentas, chama-se tradição. Mas não a tradição presente na orientação do tempo da quaresma, a tradição aqui é a da farra: a farra da quaresma. E essa farra, a do boi, usa tradição e folclore para se justificar. Vamos ser sinceros: é mais fácil jogar a razão para a tradição do que para um ato livre de crueldade e, é muito mais agradável farrear atrás do boi indefeso do que fazer penitencia, jejum e caridade.

No Dicionário do Folclore Brasileiro de Luís da Câmara Cascudo (1962), não existe o verbete "farra do boi", apenas "boi-na-vara", que é explicado como um "habitualismo ilhéu", tido como uma "revivescência da tourada-a-corda praticada no Arquipélago dos Açores", conforme explica Walter Piazza. O tal "habitualismo" tratava-se de fustigar o animal, depois matá-lo e repartir a carne entre os participantes. O ponto é que a farra tratada hoje não é a "originalmente" - se é que se pode dizer que o original existe - deixada pelos açoriano-brasileiros. As ditas tradições são ressignificadas e, muitas vezes, usa-se o argumento do folclore para isentar qualquer feito. Aqui entra a ficção: defende-se uma tradição que pouco se conhece. Mario de Andrade definiu o boi como "o bicho nacional por excelência". Afinal, promove alimento e diversão: pão e circo, para dizer de outra forma. Mario de Andrade definiu o boi como "o bicho nacional por excelência". Afinal, promove alimento e diversão: pão e circo, para dizer de outra forma. A farra do boi ainda muito presente no estado de Santa Catarina e no discurso de políticos eleitoreiros é sintomática de uma moralidade humana: a violação ao principio da igualdade e especismo.

É inaceitável chamarmos uma prática de tradição quando o seu sentido se perdeu. O rito não é mais o mesmo e não o sentido - o da Quaresma - está presente. Se todos os crentes que fazem uso da tradição a fizessem conforme seus preceitos religiosos a violência não poderia ser a forma de viabilizar a festa.

O boi, hoje, é perseguido a caminhão e a sua morte é o gozo da violência. "Boi de campo", "boi-no-laço", "boi-solto", "brincadeira-de-boi", ou, simplesmente, "boi" são algumas das denominações para explicar algo próprio de uma época quando parte do cotidiano das atividades agrícolas e domésticas dos açoriano-brasileiros. A tal farra do boi tem a ver com as antigas formas de se amansar os animais destinados ao carro de boi, à tração do engenho ou à lida do tropeiro, a quem cabia o comércio do gado chucro. Pois bem, hoje, nas cidades, já não há nem um, nem outro. O boi se compra cortado e manso no supermercado. Os tropeiros viraram criadores e ninguém mais precisa de carro de boi para transportar coisa alguma, tampouco de engenho para os grãos.

Acontece que se tratando da farra do boi não há memória a ser preservada, porque nem ao menos se sabe o que preservar. A velha Ilha do brigadeiro José da Silva Paes de outrora, que recebeu, em meados do século 18, os açorianos e madeirenses, pouco guarda de suas características originais e suas razões. Pouco preserva da arquitetura, da vegetação, dos adagiários e da lida caseira na forma de fazer as coisas do dia-a-dia. As ruas de chão batido e de pedra deram lugar ao asfalto. Parte da praia cedeu espaço às avenidas e à especulação imobiliária. Ainda há uma figueira um tanto solitária na praça, que para alguns (a praça) é perigosa e até espaçosa. A questão é que pouco, muito pouco, das práticas, dos gostos, da forma de viver a vida de outrora se mantém entre nós. Talvez um pouco da festa do divino, de alguma técnica de pesca, algum doce que em breve será esquecido pelas gerações futuras. Fica, pois, a pergunta: por que tanto empenho em preservar a "farra do boi"? Por que, diante de tanta riqueza - arquitetônica, por exemplo -, se quer investir exatamente ali, no que, hoje, sem sentido, apenas simboliza a crueldade e a violência?

O "boi-na-vara" dos açoriano-brasileiros e das festas da época se perdeu, assim como tantas outras coisas se perdem na história. Nos falta a alma que justifica a ação. Sim, falta alma na comemoração que teimamos em manter. Uma tradição não existe sem o sentido vivo que a deu origem, sem a razão que a preserva. O que, antes, era um misto de euforia e respeito - afinal, o boi seria o alimento para tantos por um bom tempo - é, hoje, vandalismo. Sim, porque uma festa sem razão, que viola, agride e faz sofrer simplesmente porque assim o quer, é um "habitualismo" difícil de admitir-se como expressão dos valores comuns de uma determinada comunidade. Por outro lado, alguns irão dizer que a resignificação da farra faz parte do processo natural das civilizações e que hoje, para muitos, ela é um agregador de determinadas comunidades, exercício de coragem e cultura. Porém, coragem pressupõe condições mínimas de igualdade, o boi está preso e quando solto sozinho. Além disso, se o que agrega uma comunidade é um ato de violência, é porque estamos demasiadamente enfermos e o belo sentido da Quaresma crista totalmente perdido. Podemos dizer que a prática atual se constituirá como uma nova tradição, que presa o risco da força, mas não se trata mais do "boi-na-vara" dos açoriano-brasileiros, assim, o argumento da tradição, fazendo referencia à historia não faz mais sentido. Entretanto, uma tradição pressupõe o mínimo de razão pública, ou seja, a representação de valores comuns de determinada sociedade e a farra, hoje, além de tudo viola a lei.

Sendo a "farra" uma "festa" dos dias de hoje, é neste contexto que deve ser compreendida. Ou seja, num contexto em que a satisfação de uns não pode se dar à custa da dor do outro, mesmo que este outro seja um ser subjugado e com preço - no caso, o boi. Quando se fala em direitos dos animais não se promove a igualdade entre diferentes espécies, porque não há igualdade entre elas. O que se observa é a igualdade em considerar os diferentes interesses que decorrem de seres vivos diferentes. Por certo o principal interesse aqui é viver a vida, sem dor, sofrimento ou violência. O que a farra do boi nos permite é olhar no espelho e perceber que a moralidade humano quase não mudou. Nossa prática de correr e matar quem subjugamos e não reconhecemos valor não é nova e o argumento é muito próximo: racismo, sexismo e especismo pertencem a mesma estrutura cognitiva de desconsiderar a diferença em nome do benefício de quem domina a ação.

Somos ainda racistas e especistas. Ignoramos o valor da diferença e fazemos dela argumento útil para justificar interesses. No caso dos animais trata-se de especismo que é, igualmente, uma discriminação praticada "pelo homem contra outras espécies", como explica Richard Ryder. Tanto o racismo quanto o especismo - e até o sexismo -, conforme observa Sonia Felipe, "não levam em conta ou subestimam as semelhanças entre o discriminador e aquele contra quem este discrimina. Ambas as formas de preconceito expressam um desprezo egoísta pelos interesses de outros e por seu sofrimento". Parece que não apenas as tradições se ressignificam, mas os preconceitos também: muda-se para ficar tudo igual. Para os defensores dos direitos dos animais, o princípio fundamental é o de que todos os animais não-humanos merecem viver de acordo com suas próprias naturezas, livres de serem feridos, abusados e explorados. Esse é um princípio que vai além do que advoga o movimento pelo bem-estar animal, que objetiva garantir o mínimo de bem-estar aos animais que são explorados antes do abate. Ou seja, além do bem estar o que se observa é que para que princípios como o da igualdade façam sentido é preciso coerência e isso implica em respeitar os seres vivos - humano ou não - na sua singularidade e forma de viver a vida. A negação da idéia do direito de liberdade dos animais ou do cuidado com o seu bem-estar reforça o quanto nos falta compaixão, não apenas com os da nossa espécie, mas com outros animais, também capazes de sentir dor, medo, prazer e afeição.

Uma das poucas coisas que nos diferencia dos outros animais é a possibilidade de constituir um traço biográfico. Ninguém vai ver inscrito em pedra ou em uma canção a lembrança de um grande pássaro que fez algo de notável pela sua espécie, salvo na mitologia. Mais que uma dádiva, isso é uma responsabilidade e exige disciplina (que nada mais é do que a idéia de ‘discípulo de si mesmo'). Uma vez que temos o livre-arbítrio dos cristãos, a liberdade dos clássicos ou a razão dos iluministas, podemos escolher, em larga medida, o nosso próprio destino. Não no sentido de resultado específico ou esperado, mas no de agir conforme nossas intenções e vontade. As opções são várias, posso ir ao encontro imediato de uma prática hedonista, de uma felicidade a qualquer preço e recompensar meu cérebro com as descargas químicas de prazer; ou posso agir no sentido da perfectibilidade pessoal, de um projeto, de uma vontade.

Interessante é perceber que o que nos faz tão humanos, como a preocupação em melhorar a qualidade de vida, lutar contra a miséria, diminuir a dor, preservar a vida, é tudo, absolutamente tudo, que se esvai na forma como a farra do boi é feita. Não mais o respeito ao alimento, não mais a preocupação com a dor, não mais o respeito à vida. Apenas o gozo, a festa, o prazer egoísta. É aterrador o quanto a vida se vulgariza por atos como este. Farrear, matar, arriscar a própria vida sem razão expressam o desejo egoísta que compensa a morte. Nas palavras do poeta Sri Aurobindo, "vida é vida - seja de um gato, cão ou homem. Não há diferença entre um gato e um homem nesse aspecto. A idéia de diferença é uma criação humana para o seu próprio proveito".

Por conta disso, é possível concluir que a farra do boi serve apenas para uma coisa: promover o risco, levar ao limite e divertir aqueles que vibram com a morte cruel. O boi-na-vara tradicional não existe mais, como também não existem mais as razões para aquela prática. Assim, não há conflito algum entre tradição e proteção aos animais. Simplesmente porque não há mais a tradição que se apregoa. O que há é crime: violação do art. 32 da Lei nº 9.605, de 1998, que imputa pena de detenção de três meses a um ano e multa para quem "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos". Ainda o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada em assembléia da Unesco, em Bruxelas, a 27 de janeiro de 1978, destaca que "todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência". A tradição se dissipou. Restou apenas um álibi para a crueldade. E, por fim, a morte: a morte tradicional do boi, talvez a única tradição em tudo isso.


http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=246:a-farra-da-quaresma&catid=124:samantha-buglione&Itemid=1


Lançamento Oficial do Infertile® Primeiro Esterilizante Químico Canino do Brasil

A PEA foi convidada a conhecer essa novidade e acompanhará a apresentação e lançamento de um produto chamado INFERTILE.

E você também está sendo convidado!

Trata-se de um composto que resulta na esterilização de cães machos, com apenas a aplicação de uma injeção.

O produto visa colaborar com o problema da superpopulação canina. Segundo os responsáveis, esse produto não apresenta contra-indicações e riscos aos animais, e causa esterilização permanente.

Participe:

Dia 03 de março de 2009, terça-feira, às 20:30h.

No Buffet Grécia Antiga, na Av. Santo Amaro, 3864 - São Paulo/SP.

Entrada Gratuita

O estacionamento Vallet disponibilizado pelo espaço custará R$ 15,00

Durante o evento será realizada palestra técnica e formalizada a doação de 3.000 doses de Infertile ao município de Ibiuna/SP.

Dentre as autoridades presentes, estarão:

Capitão PM Robis

Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo

Dr. Eduardo Jorge

Secretário do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo

Dr. Eduardo Pacheco Caldas

Médico Veterinário do Ministério da Saúde

Nina Rosa

Instituto Nina Rosa

Médicos Veterinários com a palestra

"Desenvolvimento e Avaliação da Eficácia do Infertile na Esterilização Química de Cães Machos"

Vale a pena conferir!

Divulgue e Participe desse evento!

Mais Informações: (11) 5631 0888


http://www.pea.org.br/informativo/pea2822009202724.htm

Adoção de animais

Crédito: Getty Images

Por Pilar Magnavita

Nascido em Bagdá, há pouco mais de um ano, Ratchet era apenas um filhotinho vira-lata, preto e de olhos tristes, que catava lixo e vivia em meio aos mortos da Guerra do Iraque. Numa de suas andanças nas áreas de conflito, em busca de comida, viu-se preso entre labaredas de fogo que cercava a pilha de dejetos que fuçava. Assustado e confuso, Ratchet estava prestes a testemunhar, pela primeira vez, um gesto de amor vindo, justamente, das frontes inimigas. A militar norte-americana Gwen Beberg, que passava pelo local, avistou o filhote lutando para se salvar do incêndio e resolveu ajudar o cãozinho. O que Ratchet não sabia era que Gwen não só o resgatava do fogo, mas de toda miséria que conheceu até então. Entre os dois, um laço forte de amizade foi criado durante o ano que passaram juntos na guerra e o que aconteceria depois seria a luta vitoriosa de Gwen contra as leis das Forças Armadas Americanas para levar Ratchet, o cãozinho iraquiano, para seu lar em Minnesota.


Nem todas as histórias de adoção são tão notórias quanto a de Ratchet, que recentemente ganhou páginas de jornais no mundo inteiro. No entanto, o que todas têm em comum é a compaixão e respeito pelos animais por parte de quem adota. A maioria de cães e gatos sem lar é de vira-latas. São animais que precisam ser vermifugados, vacinados e tratados para curar doenças adquiridas nas ruas ou em abrigos superpovoados.

De acordo com a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), muitos animais são comprados por impulso e depois abandonados ou deixados no abrigo por motivos como mudança de endereço, gravidez das responsáveis por eles, crias indesejadas, orientação médica, separação de casal ou mesmo desemprego. De acordo com os funcionários do local, no entanto, alguns donos simplesmente se cansam e levam seus cães para o abrigo dizendo ter acabado de salvar os animais das ruas. Assim que deixam o lugar, os bichinhos uivam e choram pela volta daquele que acreditavam ser seu dono. Alguns deles, segundo a Suipa, deixam de comer e morrem de tristeza.

Fundada em 1943, no Rio de Janeiro, a entidade abriga hoje cerca de nove mil cães e 700 felinos, que são postos para adoção, depois de serem tratados e esterilizados, quando atingem idade adulta. E foi na Suipa que Lua, uma gatinha vira-lata tigrada, conheceu seus donos antes mesmo de dar entrada no abrigo, com um mês de idade. "Minha filha, que tinha 14 anos na época, foi com o pai dela até o local", relata a jornalista Mônica Crespo, de 51 anos. "Nem cogitamos a idéia de comprar um bichinho, até porque eu havia concordado, depois de muita insistência, que ela poderia ter um. Isso foi em 96 e lembro muito bem de não ter gostado muito da idéia de ter um gato em casa", confessa.

Cuidados ao adotar
Os dez mandamentos da adoção de cães e gatos

- Antes de adquirir um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos. Pergunte à família se todos estão de acordo, se há recursos necessários para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados.

- Adote animais de abrigos públicos e privados (vacinados e castrados), em vez de comprar por impulso.

- Informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida - tamanho, peculiaridades, espaço físico.

- Mantenha o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Para os cães, passeios são fundamentais, mas apenas com coleira/guia e conduzido por quem possa contê-lo.

- Cuide da saúde física do animal. Forneça abrigo, alimento, vacinas e leve-o regularmente ao veterinário. Dê banho, escove e exercite-o regularmente.

- Zele pela saúde psicológica do animal. Dê atenção, carinho e ambiente adequado a ele.

- Eduque o animal, se necessário, por meio de adestramento, mas respeite suas características.

- Recolha e jogue os dejetos (cocô) em local apropriado.

- Identifique o animal com plaqueta e registre-o no Centro de Controle de Zoonoses ou similar, informando-se sobre a legislação do local. Também é recomendável uma identificação permanente (microchip ou tatuagem).

- Evite as crias indesejadas de cães e gatos. Castre os machos e fêmeas. A castração é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contra-indicações.

*ONG Arca Brasil


http://msn.bolsademulher.com/indique/r/mundomelhor/materia/adocao_de_animais/52122/1

Cão do samba é adotado‏

Cachorro que foi a sensação da Sapucaí volta à Avenida com crachá para desfilar.

[image: Marcos Serra Lima/Globo.com]

Beethoven devidamente credenciado para o desfile

Beethoven, o cão vira-lata que foi a sensação do desfile da Marquês de
Sapucaí<http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1015708-9798,00-CELEBRIDADE+DO+CARNAVAL+CAOZINHO+E+DESTAQUE+NA+SAPUCAI.html>
no carnaval 2009, acaba de ganhar um lar. Ele foi adotado pela criadora
In Coellum, dona de um canil em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio, e ganhou até
crachá para desfilar neste sábado, 28, das Campeãs.

A história de Beethoven sensibilizou a equipe da Rede Globo que tratou de
arrumar para ele um novo lar. O cachorro não tinha dono, vivia na Praça XI e
já havia sido atropelado. Comida era só de vez em quando. Agora não,
Beethoven terá um sítio em meio a natureza para correr e brincar, cercado de
novos amigos peludos como ele.

E neste sábado, ao chegar à Sapucaí para gravar com Zeca Camargo para o
Fantástico<http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&ct=res&cd=1&url=http%3A%2F%2Ffantastico.globo.com%2F&ei=l9upSeDBH9jLmQf0rNHQDQ&usg=AFQjCNEI7BwiZR2slPXv9d9D03UsqcAIvQ&sig2=a6gBDT1upet09RcssUBekg>
que vai ao ar domingo, 1º, Beethoven foi a grande sensação dos repórteres
que cobrem o desfile das escolas Campeãs. O cãozinho foi agarrado e
acarinhado por todos. E quanta diferença. Ele está cheiroso, limpinho, como
um verdadeiro muso do carnaval 2009.

Bingo Associação Vida Animal (AVAN) dia 08/03 - Curitiba‏

Venha, participe, divirtasse e ajude alimentar os 500 cães do abrigo.

Para adquirir as cartelas que estão sendo vendidas antecipadamente entre em contato!
Nos ajude divulgando, convide a família, os amigos para o Bingo!
Para quem puder contribuir doando mais prendas, artesanatos, doces, salgados, refrigerantes, água mineral...
falar com a Pérola: (41) 3363-6179/8403-2127


A Associação atualmente abriga mais de 500 cães, o espaço é para atender 200.
Não tem mais condições física e nem financeira para receber novos animais.
Precisa constantemente de doações de ração e dinheiro para manter o bem estar desses cães.
Sua ajuda é muito importante para a continuidade e sucesso deste trabalho!

Depósitos: Banco Itaú
AG 3722
C/C 15539-1


www.avan.avan.
nafoto.net (Fotoblog)

Leila Cardoso (41) 9634-1191 Coordenaçã
o de Projetos, Parcerias, Relações Públicas e Mutirões
Elaine Petrelli (41) 8812-0406 Perola Ferraz (41) 8403-2127
Coordenação das doações, rações e eventos
Sandra Pacca (41) 3014-4383 Coordenação dos medicamentos
e adoções