Ao menos 12 pessoas ficaram feridas neste domingo em violentos confrontos entre criadores de porcos e policiais que deveriam levar os animais para o sacrifício, em Cairo (Egito). O governo egípcio anunciou o sacrifício de todos os porcos do país por temor de um surto de gripe suína, embora a doença, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), não seja transmitida pelo consumo de carne de porco cozida.
Cerca de 400 moradores do bairro de Manchiyet Nasr, em uma colina da capital egípcia, jogaram pedras e garrafas contra os oficiais. Os policiais responderam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Segundo o chefe de segurança do Cairo, general Ismail Shaer, 14 pessoas foram presas e sete policiais estavam entre os feridos pelos protestos.
O governo egípcio ordenou na quarta-feira passada (29) o sacrifício dos cerca de 300 mil porcos criados no país, apesar de nenhum caso de gripe suína ter sido registrado no Egito.
A decisão foi muito criticada e OMS destacou que não existem provas da transmissão do vírus da gripe, oficialmente denominado influenza A (H1N1), do porco ao homem.
As autoridades egípcias afirmaram então que a medida era mais uma medida de higiene que uma precaução contra a gripe suína. O objetivo, segundo o Cairo, seria sanear as criações insalubres de membros da minoria cristã do Egito.
O consumo e a criação dos porcos no Egito é função restrita a uma minoria cristã de 10% da população. Os muçulmanos não consomem carne de porco. Em 2008, o presidente Hosni Mubarak havia ordenado que todos os porcos e frangos fossem retirados de regiões populosas por questões de higiene. A ordem, contudo, nunca foi implementada e o governo diz que a gripe suína é uma ótima oportunidade para cumpri-la.
"Tudo que o Egito decidiu fazer, apesar de todo o barulho causado aqui e ali, é antes de tudo em favor da proteção da saúde humana. A saúde do povo egípcio vale todo o esforço e as medidas tomadas", disse.
O Egito foi um dos países atingidos pela epidemia de gripe aviária que matou dezenas de pessoas nos últimos dois anos. Em 2007, quando houve o surto da doença, 25 milhões de aves foram mortas e novos padrões para criação de frangos foram estabelecidos.