domingo, 4 de maio de 2008

Macacos japoneses sofrem de obesidade mórbida com comida dada por humanos

Membros da espécie são conhecidos por sua facilidade de se adaptar aos hábitos humanos (Foto: Kazuhiro Nogi/France Presse)

Animais vivem em parque na região de Osaka e recebem alimentação errada de turistas.
Problema atinge 30% do bando; espécie vive com facilidade perto de seres humanos.
Turistas japoneses que não observaram a velha máxima "Não alimente os animais" causaram uma epidemia de obesidade entre os macacos resos (Macaca mulatta) que vivem num parque de Sakai, na região da cidade de Osaka. De acordo com as autoridades que cuidam do parque, 30% dos bichos que vivem na área estão acima do peso por causa da comida extra oferecida pelos visitantes. Os administradores do local temem pela saúde dos bichos, que são nativos da Ásia.

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL452733-5603,00-MACACOS+JAPONESES+SOFREM+DE+OBESIDADE+MORBIDA+COM+COMIDA+DADA+POR+HUMANOS.html

Será arte?

Cão ganha o nome de Natividad e é exposto em galeria para morrer de fome. O animal é solto, mas a idéia é desprezada pela crítica (Foto: Divulgação)

Será arte?

Paula Lima
da Redação

O indivíduo e o animal como suporte artístico, a dor e a morte são as temáticas. O que não é novidade nenhuma no mundo da arte levanta recentes polêmicas sobre os limites da arte. Há limitação na atividade artística? Vida & Arte Cultura convida artistas, críticos e pesquisadores para ampliarem a discussãoUm cachorro morrendo numa galeria de arte. Isso é arte?! Que absurdo! E massivamente a discussão norteou-se pelas reprovações. O artista plástico da Costa Rica, Guillermo Habacuc, 32, desde agosto de 2007 tornou-se sujeito do ódio de milhões de pessoas, por causa da Exposición nº 1 em quem amarrou um cachorro de rua na Galeria Códice, na Nicarágua. Recentemente, Habacuc foi convidado para participar da Bienal Centroamericana de Honduras 2008. A notícia gerou uma verdadeira chacina virtual ao artista. Circula pela Internet um abaixo assinado para boicotar a participação do costa-riquenho na exposição. Até mês passado eram 2 milhões de assinaturas.

As imagens da instalação estão por todo canto. Também no blog de Guillermo (http://www.artehabacuc.blogspot.com). A obra utiliza cinco elementos: a gravação do hino sandinista (movimento político nicaragüense) tocado ao contrário, um incensário onde se queimaram 175 pedras de crack e alguns gramas de maconha, um cachorro que ganhou o nome de Natividad, biscoitos para cachorro que formavam a frase "és o que lês" (você é o que você lê) e a representação dos vários tipos de mídia.

O sentido de tudo isso, segundo Habacuc, é protestar contra a morte de um imigrante nicaragüense, viciado em drogas, Natividad Canda Mayrena, de 24 anos, atacado e morto há dois anos por dois cães rottweilers de uma oficina de Cartago, cidade da Costa Rica. A cena foi filmada pela imprensa, e policiais que estavam no local disseram que não poderiam intervir atirando contra os cães porque a vítima seria atingida. O artista explica em seu blog que utilizou elementos que "nos falem da condição humana".

O escândalo que começou quase de imediato só cresce. E grande parte das discussões que circulam na rede, em blogs de várias nacionalidades, colunas de jornais e sites de ativistas da causa animal, partem de um desconhecimento enorme da veracidade dos fatos. Segundo a diretora da Galeria Códice, Juanita Bermúdez, o cachorro não morreu na exposição. Em comunicado, enviado por e-mail, ela esclarece as condições em que o cachorro permaneceu na Galeria. "O cão permaneceu no local por três dias, a partir das cinco da tarde da quarta-feira, 15 de agosto (de 2007). Esteve solto o tempo inteiro no pátio interior, exceto pelas três horas que durou a mostra, e foi alimentado com comida de cachorro que o próprio Habacuc trouxe. Surpreendentemente, ao amanhecer da sexta-feira, 17, o cão escapou passando pelas vergas de ferro da entrada principal do imóvel, enquanto o vigilante noturno que acabava de alimentá-lo limpava a calçada exterior do local".

De nada adiantou a declaração de Bermudez, nem mesmo o anúncio de que Guillermo Habacuc não fora selecionado para Bienal Centroamericana pela obra Exposición nº 1. Nesse contexto surgiram discussões sobre ética e os limites da arte. O Vida & Arte Cultura deste domingo convidou artistas, críticos e pesquisadores para ampliarem o debate.

Há limitações à atividade artística? O curador e doutorando em crítica de arte da Escola de Artes da Universidade de São Paulo, Ricardo Resende, pontua em artigo que a primeira questão deve ser: "como entendemos a arte hoje?". "A arte não trata apenas de questões estéticas ou plásticas. Ela pode tratar-se apenas de conceitos na atualidade. Tratando assuntos polêmicos na sua subjetividade. Quero dizer sem ser direta ou óbvia".

Em entrevista, a arte-educadora Ana Mae Barbosa condena a mensagem da obra de Habacuc. "A idéia era chamar atenção para o fato como os imigrantes estão sendo tratados, como cachorros. Primeiro acho muito literal, pouco inventivo e pouco criativo. Usar o cachorro para mostrar que os imigrantes têm vida de cachorro. O debate foi mal direcionado". Ana Mae parte da idéia de que na arte não há certo ou errado, e defende: "a função da arte é enganar o público? Não é".

Obras como essa já vêm sendo feita desde a década de 60 e 70. Maria Hirszman, crítica de arte do jornal Estado de S. Paulo, numa conversa por telefone, diz que a obra de Habacuc não é nenhuma "sacada". Lembra do artista norte-americano Joseph Beuys, que prendeu-se com um coiote numa sala e filmou a relação entre ele e o bicho. "Esse rapaz tentou retomar a mesma idéia, se o público não entendeu ou se o artista ficou rodeando a questão não há como avaliar porque não vi a obra. Mas é muito difícil falar em romper os limites éticos da arte, porque é muito difícil romper alguma coisa hoje. Esses parâmetros já foram todos rompidos. Não tenho visto nada impactante atualmente. São as mesmas armas que continuam indo e vindo".

A sociedade reclama os direitos de defesa do animal. O que Ana Mae chama, nessa obra específica, de "enganação emocional". Hirszman pontua: "Evidente que ninguém está querendo maltratar o bicho. Parece-me um certo cinismo da sociedade, que não se incomoda de ver bichos serem maltratados, carregando peso, mas se ele está dentro de uma galeria reclamam. Por outro lado é uma ocasião única para você comentar sobre a proteção dos animais, levantar a bandeira".

O artista plástico paulista, Gabriel Bittar, polemiza: "a opinião pública é unânime: porque ele não fez isso com ele mesmo? Provavelmente funcionaria melhor". E no artigo sobre Specimen Art traça um breve histórico de obras e instalações em que os artistas usam o próprio corpo como suporte. Sebastião Miguel, artista plástico e mestre em artes visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais, passeia pelo cinema e pela literatura para mostrar que o fascínio pela dor sempre inspirou artistas. No texto sobre o tema, descreve como "a arte contemporânea é um terreno maleável onde os experimentos e julgamentos éticos se constroem junto com a obra". Já o professor de História da Arte da Universidade Federal do Ceará, João de Sá Pessoa, alerta para uma melhor avaliação para quem é dado o Status de artista no "mundo da arte contemporânea".

http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/785927.html

Toureiro José Tomás, CHIFRADO E PESCOÇO TORCIDO NA QUEDA

Toureiro José Tomás (ao chão) é ajudado por integrante de sua equipe após ser atingido na perna esquerda por chifre de touro em Jerez de la Frontera (Espanha); na queda, Tomás ainda torceu o pescoço

http://noticias.uol.com.br/ultnot/album/080503_album.jhtm?abrefoto=28

Ilegal: vendedor de Bauru é autuado por vender cães em praça

4/5/2008 - 15h21
Ilegal: vendedor de Bauru é autuado por vender cães em praça


Representantes da Ong Naturae Vitae, do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e um policial militar abordaram e autuaram um casal que vendia filhotes de cachorro na Praça Portugal, no Jardim Estoril, em Bauru.

De acordo com lei municipal n.º 4.634 de 2001, ambulantes e vendedores de rua não podem comercializar animais vivos ou embalsamados.

A multa nesse caso é de, no mínimo, R$150, segundo Terezinha Juliatto, fiscal do CCZ. Ela disse que já havia, informalmente, comunicado o vendedor de que a atividade era ilegal.

O vendedor, que também tem um canil regularizado em um bairro, disse que não vai recorrer. "Sei que está errado, mas não tinha sido informado oficialmente pela prefeitura ainda", disse o homem. "Além disso, eu dependo disso para viver".

http://www.bomdiasorocaba.com.br/index.asp?jbd=3&id=363&mat=129785

Salvem os antibióticos

Folha de São Paulo - 04/05/2008

Marcelo Leite

Salvem os antibióticos
O sistema atual para produção de alimentos de origem animal nos EUA
não é sustentável


A fundação norte-americana Pew Charitable Trusts é conhecida por
apostar fundo na produção de conhecimento e ferramentas de análise
para resolver problemas contemporâneos e aperfeiçoar políticas
públicas. Na semana passada, publicou um relatório duro da comissão
que trabalhou dois anos e meio sobre o sistema industrial de produção
de carne (bois, porcos e aves). É de tirar o apetite.
O estudo de 124 páginas recebeu o título de "Pondo a Carne na Mesa" e
pode ser baixado da página da Pew na internet (www.pewtrusts.org). Vai
direto ao ponto: "O sistema atual para produção de alimentos de origem
animal nos Estados Unidos não é sustentável e representa um
inaceitável nível de risco para a saúde pública e de dano ao ambiente,
assim como traz malefício desnecessário aos animais que criamos para
comer".

O relatório lista "n" fatores em apoio a essa conclusão. Um dos
preponderantes, que acabou se tornando muito atual, é a dependência da
agropecuária americana dos preços baixos do milho, base da ração usada
para o animal ganhar peso em confinamento. A demanda pelo grão para
produzir álcool combustível está pulverizando essa fonte barata de
proteína, justamente no momento em que o preço do petróleo -de onde
saem combustíveis para máquinas e matérias-primas para fertilizantes e
defensivos- também bate recordes.

No quesito água, o estudo fornece uma informação preocupante: metade
do aqüífero Ogallala já foi exaurida. Com mais de 450 mil quilômetros
quadrados, o reservatório debaixo dos Estados de Nebraska, Kansas,
Colorado, Oklahoma, Novo México e Texas fornece 20% de toda a água
usada em irrigação nos EUA. Não demora em acabar, pois está baixando
cerca de um metro por ano.

Chocantes, mesmo, são as conclusões na área dos efeitos sobre a saúde
pública. Das 12 recomendações do capítulo, metade diz respeito ao
abuso de antibióticos na agropecuária. Além de prevenir e tratar
infecções nos animais, antibióticos também são empregados como
aditivos na ração, para aumentar o ganho de peso.
Quanto mais se usam antibióticos, em humanos ou animais, pior se torna
o problema da resistência. A maior parte das bactérias expostas a
esses remédios morre. As poucas que tiverem resistência ao composto,
porém, ganham uma enorme vantagem competitiva e se reproduzem
rapidamente, passando a infectar os organismos sem que o antibiótico
em questão possa eliminá-las. Com o tempo, surgem cepas terríveis de
micróbios, que deixam os médicos sem ação.

O relatório diz que o fenômeno da resistência já se tornou
"epidêmico". Propõe, por isso, uma medida radical: banir todo uso
não-terapêutico de antibióticos na pecuária. Ou seja, essas drogas só
poderiam ser empregadas para tratar animais com infecção ou para
prevenir infecções naqueles que comprovadamente tenham sido expostos a
elas. Quanto ao uso terapêutico, propõe tornar obrigatória a regra de
excluir do tratamento de animais aqueles antibióticos classificados
como importantes para a saúde humana.

A Suécia baniu os antibióticos não-terapêuticos em 1986. A Dinamarca,
em 1998. A União Européia, em 2006. Como resultado, vem diminuindo o
reservatório de genes para resistência que poderia armar os germes
capazes de atacar humanos (bactérias trocam material genético a torto
e a direito).

E você, já ingeriu a sua ração diária de antibióticos?
MARCELO LEITE é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp,
2007) e de "Brasil, Paisagens Naturais - Espaço, Sociedade e
Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007).
Blog: Ciência em Dia ( cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br ).

Folha de São Paulo - 04/05/2008

PASTORA ALEMÃ ENCONTRADA PERTO DO BIG DA AVENIDA DAS TORRES - Curitiba-Pr

Nas buscas por nossa pastora alemã Nina (desaparecida no dia 02/03/2008), achamos outra cachorra da mesma raça. Ela foi encontrada no sábado à noite, dia 26/04, por volta das 22h30min. Estava deitada na calçada que dá para a antiga BR 116, junto ao muro do BIG (que tem entrada pela Avenida das Torres). É uma cachorra jovem, com pouco mais de um ano de idade. É pastora capa preta, com a cabeça e o rabo em tons de bege. A face é bem clara. Tem porte grande e cabeça pequena. Apesar de muito magra, parece bem de saúde. É muito meiga e carinhosa, de temperamento calmo. Estava assustadíssima, com muito medo. Tem mania de pular no peito das pessoas para pedir agrado. Não tinha nada no pescoço, nenhuma identificação, apesar de ter uma visível “marca de coleira”. Está abrigada em nossa casa, no Jardim das Américas.
Contatos pelos telefones: (41) 9995-0169 (Maria Celeste) / 9969-3692 (Zig)

Em busca de NINA - Curitiba-Pr

"Nossa pastora alemã Nina saiu de casa na madrugada de dois de março, um domingo, quando o portão automático começou a funcionar sozinho. Por se tratar de uma cachorra jovem, forte e muito ativa, acreditamos que ela deva ter caminhado a noite toda e possa estar em qualquer bairro de Curitiba ou, até mesmo, em alguma cidade da Região Metropolitana.A Nina é uma cachorra muito bonita, jovem, que tem menos de dois anos de idade, é capa preta, com a face avermelhada, mancha preta suave em forma de cruz na testa.Quando saiu de casa, usava um enforcador que ficava encoberto na pelagem.A Nina era o “bebê” da nossa casa, a mais jovem da nossa alegre família formada por cães, gatos e três humanos felizes – eu, meu marido Zig e meu filho Zé Pedro. Por causa dela, empreendemos uma grande campanha: disparamos centenas de e-mails, telefonamos para muita gente, distribuímos cerca de mil cartazes, conseguimos anúncios em jornais de bairro e chamadas em emissoras de rádio, fomos atrás de cerca de 30 cães pastores que nos indicaram e percorremos, em dois carros, quase 10 mil quilômetros. Também contamos com a ajuda de uma grande e solidária rede de protetores de animais de Curitiba. Sem o amparo dessas pessoas, a quem eu chamo de “amigos-anjos”, nada disso teria sido possível.Como não tivemos notícia de atropelamento, acreditamos que a Nina possa ter sido abrigada por alguém. Por isso, pedimos encarecidamente que nos ajudem a encontrá-la. As informações podem ser repassadas pelos telefones (41) 9995-0169 ou 9969-3692 ou ainda 3266-8656. Por e-mail o contato é celeste.correa@uol.com.br. Oferecemos gratificação e também nos propomos a doar um outro cão pastor, filhote, em troca da Nina, caso seu novo protetor assim o deseje.Sabemos que a Nina é um belo animal de raça, um cão de guarda que impressiona pelo porte e pela elegância. Mas para nós, que a criamos desde pequenina, ela é muito mais do que isso. Ela é parte de nossa família. Somos responsáveis por ela, nos importamos com ela e a queremos muito de volta, na casa que é dela, no lar que lhe pertence."

Abraço e muito obrigada,

Maria Celeste Corrêa

Pingüim careca ganha traje de mergulho para não passar frio

SAN FRANCISCO, EUA - Biólogos da Academia de Ciências da Califórnia criaram um traje de mergulho para um pingüim africano, para ajudá-lo a voltar a nadar. Pierre, um pingüim ancião de 25 anos, estava ficando careca, o que expunha a pele rosada por baixo das penas.

Diferentemente dos mamíferos marinhos, que têm uma camada de gordura que atua como isolante térmico, pingüins dependem das penas para se manter aquecidos. Sem elas, ele não se mostrava disposto a mergulhar no tanque no aquário, e ficava tremendo na margem, enquanto os outros 19 pingüins da instituição brincavam na água.

"Ele passava frio; ficava chacoalhando", disse a bióloga Pam Schaller. A espécie de pingüim a que Pierre pertence está acostumada a climas mais temperados, diferente da maioria das outras espécies. Os pássaros foram apelidados de "pingüim-jegue", por conta dos sons que fazem, semelhantes ao zurrar de um jumento.


Schaller havia tentado, inicialmente, usar uma lâmpada de calor para manter Pierre aquecido.Mas então teve outra idéia: se trajes de mergulho permitem que humanos brinquem nas águas geladas do Oceano Pacífico, por que não fazer um de tamanho extra-P?

Os funcionários da Oceanic Worldwide, um empresa de material de mergulho, ficaram entusiasmados com a idéia. Schaller fez provas com p pingüim para ajustar do traje, que se fecha com velcro nas costas e tem aberturas para as nadadeiras.

Uma preocupação era a de que os demais pingüins segregassem Pierre por conta do novo visual, mas não houve problema. Usando o traje há seis semanas, Pierre já ganhou peso e está começando a desenvolver novas penas. Conforme as penas crescem, ele está sendo acostumado a voltar a nadar sem o traje.

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid162845,0.htm

Cientistas denunciam descaso com baleias

Sexta-Feira, 02 de Maio de 2008 |
Cientistas denunciam descaso com baleias
NYT
Membros da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na
sigla em inglês) e da união dos cientistas afirmam que a Casa Branca
tem atrasado as resoluções consideradas importantes para a proteção
das baleias-francas na costa leste dos Estados Unidos. A principal
medida em discussão é a diminuição para 18,5 km/h da velocidade máxima
dos navios nas regiões onde vivem os animais, para evitar mortes por
colisão.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080502/not_imp166230,0.php

O custo da carne para ao meio ambiente

Texto de Cláudia Poggeto no jornal Correio Popular (Campinas) em 29/4/2008
O CUSTO DA CARNE PARA O MEIO AMBIENTE

A simples identificação dos fatores que geram maior degradação
ambiental pelas atividades econômicas que envolvem criação de animais
para abate e posterior alimentação humana, por si, já favorece o
entendimento da necessidade de uma mudança profunda no modo como
indivíduos e sociedade encaram e se relacionam com o meio ambiente e
indica a urgência em repensar – e reinventar! – os paradigmas de
consumo global, como uma das principais alternativas viáveis para
evitar as grandes catástrofes que se anunciam com tanto vigor.


Tanto se fala em aquecimento global e na conscientização do homem para
conter o estrago na natureza por ele mesmo já instalado. Não ouço,
porém, nos meios de comunicação, nem tão pouco nos programas que
incentivam a preservação do meio ambiente, alguém sequer comentar que
um dos principais fatores, causadores de todo desequilíbrio e suas
conseqüências, que hoje enfrentamos é o consumo exagerado de carnes e
seus derivados. Veja abaixo, contudo, parte da cartilha com
informações alarmantes que a Sociedade Vegetariana Brasileira
(www.svb.org.br) elaborou com base nas pesquisas de órgãos neutros,
como por exemplo CETESB, IBGE, Instituto Cepa, Sabesp entre outros.


A prioridade que o Brasil escolheu dar ao agronegócio é, para dizer o
mínimo, discutível. A insustentabilidade desse modelo, que destrói
nossos biomas, contradiz o projeto de erradicação da fome dos
brasileiros, pois, como se sabe, o agronegócio é primordialmente
voltado para a exportação. A soja que devasta o Cerrado e invade a
Amazônia não vira alimento para pessoas, é exportada e transformada em
ração de bois, frangos, porcos e peixes criados em cativeiro. Enquanto
isso, fome e desnutrição assolam quase metade da população mundial.


Metade da agricultura mundial é voltada para a produção de ração para
animais. E a carne dos animais abatidos é acessível a menos de 15% dos
seres humanos.


No Brasil, segundo o Instituto CEPA, um boi precisa de um a quatro
hectares de terra e produz, em média, 210 kg de carne, no período de
quatro a cinco anos. No mesmo tempo e na mesma quantidade de terra,
produz-se, em média

8 ton. de feijão ou 19 ton. de arroz ou 23 ton. de trigo ou 44 ton. de
batata, e assim por diante.


Um relatório alarmante da FAO, publicado em 2006, indica que os
"estoques de animais vivos" mantidos para alimentação humana têm mais
responsabilidade pelas mudanças climáticas do que todos os veículos
automotores do mundo somados! No total, nada menos de 18% da emissão
de todos os gases causadores do aquecimento global são gerados apenas
pelas indústrias da carne.


Uma fazenda com 5 mil bovinos produz a mesma quantidade de excrementos
de uma cidade com 50 mil habitantes. Nos Estados Unidos, a produção de
excrementos de animais é de 104 mil kg por segundo!


Ao se falar em evitar o desperdício de água, as dicas são as de
sempre: fechar a torneira ao escovar os dentes, não lavar a calçada,
etc. Como consumidores conscientes, podemos ir muito além. No Brasil,
45% da água doce é gasta na pecuária e 45 milhões de pessoas não têm
acesso à água potável. Neste país, a pecuária utiliza e contamina, em
sua cadeia produtiva, mais água do que as cidades. Enquanto são
necessários menos de 500 litros de água para se obter 1 kg de soja,
para produzir 1 kg de carne bovina gastam-se até 15 mil litros de
água. Por isso, o vegetarianismo deve ser considerado com uma das
formas mais eficientes para economizar água.


O impacto ambiental da pecuária sobre o solo é fora de série, pois a
maior parte dos bovinos é criada pelo sistema extensivo: cada cabeça
de gado precisa, no mínimo, de um hectare (10 mil m2) de pasto para
engordar. Nossos rebanhos já contabilizam 200 milhões de cabeças e a
pecuária ocupa mais de 250 milhões de hectares, quase um terço do
território nacional! Essa ocupação desmedida do solo compromete nossa
terra de várias maneiras.


Entre 2002 e 2005, foram desmatados 70 mil km2 na Amazônia. Do
cerrado, que contém um terço da biodiversidade brasileira, hoje restam
20%. E menos de 7% da Mata Atlântica está de pé.


Conclui-se, portanto, que o vegetarianismo tem uma contribuição
inequívoca a dar em termos de produtividade. Qualquer projeto cuja
meta seja o combate à fome e a implementação de um sistema produtivo
sustentável, em que o uso da terra seja otimizado de forma a
satisfazer as necessidades do maior número possível de pessoas,
deverá, obrigatoriamente, considerar a ênfase no vegetarianismo.