ao estresse de viver em um centro urbano barulhento e recintos muito
próximos dos visitantes. Assim vive boa parte dos 300 bichos que estão
em exposição no Bosque dos Jequitibás, em Campinas. A degradação da
infra-estrutura local, que está afastando os freqüentadores, atinge
também os seres que vivem em cativeiro - os mais prejudicados pelo
abandono do poder público.
Em companhia do biólogo e professor da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (PUC-Campinas), Jodir Pereira da Silva, a
reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN) percorreu os
recintos para avaliar as condições de alojamento dos animais. "Apesar
do excelente trabalho que o pessoal do Bosque desenvolve, os animais
sofrem com problemas estruturais", conclui o profissional. De acordo
com Silva, é necessária uma reforma nos recintos da maioria dos
animais. "O ideal seria uma ampliação de alguns ambientes para que os
bichos possam se movimentar mais", completa.
Segundo o biólogo, a situação é pior nos viveiros de periquitos e
papagaios. "O viveiro deveria ser no mesmo molde do da arara, que é
maior e mais alto, permitindo que as aves voem. Sem se exercitar, elas
ficam sedentárias e acumulam gordura. O pessoal do Bosque compensa
isso com uma alimentação balanceada", explicou o professor.
Quando submetidos a alojamentos inadequados para o seu tamanho, os
animais sofrem estresse. Para aliviar esse problema, soluções
relativamente baratas podem ser implantadas. "Você pode colocar
elementos no cativeiro que lembrem o habitat natural do bicho. Um
trabalho feito com o cachorro do mato vinagre conseguiu ótimos
resultados", afirma o professor. O mesmo foi feito, por exemplo, no
recinto onde ficam os macacos, com a colocação de pneus para que eles
se exercitem.
O recinto dos felinos também é inadequado para o tamanho dos animais.
"Na natureza esses bichos percorrem distâncias equivalentes a 15
quilômetros. Como têm hábitos noturnos, esses animais ficam inquietos
à noite porque estão em espaços pequenos", explica Silva.
Outro problema apontado pelo biólogo está a proximidade com o público.
"Essas grades deveriam ser mais altas e afastar mais o público para
evitar que joguem alimentos e outros objetos para os animais",
comenta, mostrando uma garrafa pet atirada no recinto do jacaré. "Se
ingerir plástico, o animal pode morrer", diz. Mas até mesmo alimentos
oferecidos pelos visitantes podem prejudicar animais. "Eles têm uma
dieta elaborada pelo pessoal do Bosque específica para cada bicho. Por
isso, não se deve alimentar os animais", diz.
Outra situação comum que contribui para agravar o problema estrutural,
reforça Silva, é a freqüência com que o Bosque recebe animais que são
apreendidos pela polícia. "É comum que animais silvestres capturados
sejam transferidos para lá e não há estrutura que dê conta de receber
tanto animal", reforça.
Leia matéria completa na edição desta segunda-feira (02/06/2008) do
Correio Popular
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