sábado, 10 de maio de 2008

Leia e PROTESTE! Galo AMORDAÇADO na Bahia - Nao pode cantar!

Sem cantar de galo

Moradora de Cruz das Almas recorre ao Ministério Público e consegue calar ave do vizinho, cuja cantoria começa às 4h da madrugada
Alexandre Lyrio

Chico é um galo taludo, corpulento, tinha tudo para andar pelas rinhas da vida, a massacrar adversários em busca de respeito. Em vez disso, preferiu usar o canto como forma de ganhar notoriedade, chegando a ter status de celebridade nas redondezas da zona periférica do município de Cruz das Almas, a 146km de Salvador. Mas o incomparável vozeirão não agradava a todos, principalmente pelos horários em que Chico desanda a executar o seu monólogo vocal. Dona Mirinha, a vizinha logo ao lado, cansou de ouvir o alarde e tomou uma atitude extrema. Foi ao Ministério Público da cidade requerer à promotoria que proibisse o galo de entoar o seu canto. Numa decisão inédita, o promotor Valdemar Araújo acatou o pedido.

Antes, sempre às 4h da madrugada, Chico era livre para iniciar a sua cantoria. Agora está condenado a andar dia e noite com uma biqueira, um objeto metálico que o impediria de fazer o que mais gosta. Mas o dono do galo, o agricultor Salvador Santos de Jesus, está indignado e resiste a colocar o objeto. Ele apenas improvisa um “cala bico”, amarrando uma fita durante as noites para que a ave amanheça em silêncio. Salvador tem certeza que, em se tratando de um bicho de estimação e não de um animal para abate, Chico não vai agüentar muito tempo. “Um galo acostumado a cantar do jeito que ele canta vai terminar morrendo de tristeza. Não se faz isso com ninguém, muito menos com um animal indefeso”

O promotor Valdemar Araújo nega que haja qualquer processo, ordem judicial formalizada ou inquérito contra o canto do galo. Garante que apenas orientou o dono para que colocasse a biqueira. “Somente intermediei uma briga entre vizinhos, para que não descambasse para algo mais grave”, explicou. Mas o dono do bicho denuncia que o promotor o ameaçou de prisão, caso não calasse imediatamente o animal. “Ele disse que ia dar um jeito de me prender. E ainda mandou minha esposa calar a boca durante a audiência. Imagine, além de calar o galo quer calar também minha esposa”.

Esporão afiado - Fato é que Chico é um garanhão. No terreiro da casa do agricultor, é ele quem realmente canta de galo. Entre outras regalias, tem sempre disponível duas fêmeas adultas e duas frangas para reproduzir. Apesar de não ser galo de briga, é capaz de utilizar o seu esporão contra quem quer que mexa com as suas galinhas. “Aí é o único momento que ele fica bravo. No mais, ele é bem tranqüilo”, conta Salvador.

Enquanto o agricultor pretende movimentar a cidade e ambientalistas para reaver o direito de ver o seu galo cantando, o promotor insiste que, durante o atendimento ao público, no fórum, são muitos os casos de brigas entre vizinhos envolvendo bichos. “Vez por outra, um porco invade um quintal para comer a horta do vizinho. Aí a gente pede para colocar uma cerca mais resistente”. No caso do galo, diante da não aceitação da biqueira, o promotor tenta dar uma solução mais pragmática. “Um colega magistrado sugeriu fazer uma canja com o bicho. Eu sou a favor”.

Num aspecto, o promotor está certo. As brigas com a vizinha são mais antigas do que o próprio Chico. O galo parece ser apenas o pretexto para mais uma pendenga. “Minha esposa sempre teve problemas com ela. São duas bicudas que não se beijam”, confirma Salvador. Entre os moradores há os que sugerem que tudo na verdade não passa de ciúmes de ambas, mas Salvador garante nunca ter ciscado no quintal alheio. “Nem eu, nem o Chico. Até porque ela nunca teve galinhas que prestassem”, garante.



fonte;
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/noticia.asp?codigo=153327

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