A maioria dos cavalos foi abatida a tiros durante a noite, em terrenos próximos às residências dos catadores de lixo. Alguns são agredidos antes de serem baleados ou até mesmo envenenados. Um dos cavalos, que recebeu quatro tiros, foi encontrado com a cabeça amarrada a uma árvore.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que atua no setor de coleta reciclável, está orientando os proprietários a dar queixa na polícia. No entanto, nem todos procuram os investigadores. Segundo a Polícia Civil, até agora apenas dois proprietários fizeram registro de ocorrência. Possivelmente eles temem represálias.
O presidente da Associação dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu, Claudemir Gomes das Neves, diz que os trabalhadores usam os cavalos porque não têm acesso aos carrinhos elétricos movidos a bateria feitos por técnicos da Itaipu Binacional. Em maio deste ano, 18 carrinhos foram cedidos para agentes ambientais que integram cooperativas. Cada cooperativa recebeu três. “Por enquanto não temos idéia do motivo das mortes. O pessoal está com medo de comprar o cavalo e perder de novo.” Ele diz que todos os animais mortos já haviam sido cadastrados pela prefeitura de Foz do Iguaçu.
O caso mais recente envolveu o envenenamento de uma égua, no bairro Porto Meira, fronteira com a Argentina, onde vem ocorrendo a maioria dos crimes.
A proprietária do animal é a agente ambiental Claudinéia Fernandes, 23 anos. Mãe de uma filha de 1 ano, ela sobrevive da coleta de lixo há 10 anos e agora, sem a égua Paloma, está colhendo menos material e ganhando pouco. “Já estou parada há 10 dias e quando saio na rua só recolho 10 ou 15 sacos de lixo”, diz. A égua está deitada em um terreno vizinho à residência da família. “Eu já deixei de comprar comida para comprar remédio para ela”, diz.
A catadora conta que alguns veterinários já estiveram no local para examinar Paloma e um deles recomendou que o animal fosse sacrificado, mas ela não concorda porque acredita na recuperação da égua. A família de Claudinéia já está procurando outro animal para comprar, mas para isso é preciso desembolsar pelo menos R$ 1,8 mil. Claudinéia ganha cerca de R$ 350 por mês com a coleta de lixo reciclável.
Crianças
Outro problema relacionado aos catadores de lixo é a presença de crianças nos carrinhos. Muitos deles levam os filhos para ajudar na coleta, mas a atitude não está de acordo com as normas do Conselho Tutelar. Por isso, em breve será realizada uma força-tarefa para orientar os pais a não deixar os filhos com menos de 18 anos a ajudá-los a pegar papelão. As famílias receberão auxílio de assistentes sociais que também irão checar se as crianças e adolescentes estão estudando. Em toda a cidade há mil catadores de lixo, dos quais 250 são ligados a cooperativas.
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=794461&tit=Cavalos-sao-mortos-de-forma-misteriosa
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