De janeiro a outubro deste ano, 544 casos de calazar em animais foram confirmados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Aracaju, através de exames sorológicos. Desse total, 371 animais foram sacrificados. Os 173 restantes não passaram pelo processo de eutanásia porque vieram a óbito natural logo após a confirmação da doença ou os proprietários se recusaram a entregar o cão.
Segundo a coordenadora do Centro, Gina Blinof, a Zoonoses não tem poder de polícia para exigir que o proprietário entregue o cão. “Essa é a nossa grande dificuldade, porque não podemos recolher o cão sem a autorização do dono do animal, por isso ele deve ter a consciência e entregar o animal”, disse. Segundo ela, calazar é uma doença que não tem cura, por isso o animal já com a doença confirmada deve ser sacrificado, porque só dessa forma é quebrada a cadeia da transmissão.
Quando isso não acontece, acaba se colocando em risco a vida de toda população que vive próximo ao animal contaminado. O calazar (leishimaniose) é transmitido do cão contaminado para o ser humano através do mosquito flebótomo. A presença de vegetação úmida e material orgânico (terrenos baldios com depósito de lixo) contribuem como locais ideais para a reprodução dos insetos transmissores. “Por isso é importante que as pessoas mantenham os quintais das casas limpos e livres de entulhos”, orientou Gina Blinof.
Proibição
A portaria interministerial 1.426, publicada pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Agricultura, tem dividido opiniões. Ela proíbe o tratamento da leishmaniose visceral canina (calazar) com produtos de uso humano ou não registrado no Ministério da Agricultura, por considerar que não há, até o momento, nenhum medicamento ou esquema terapêutico que garanta a eficácia do tratamento canino, bem como a redução do risco de transmissão.
Segundo Gina Blinof, a portaria interministerial se baseia também no fato da existência do risco de os cães em tratamento se conservarem como reservatórios e fontes de infecção para o vetor, uma vez que não há evidências científicas da redução ou interrupção da transmissão. “Os produtos usados para os animais contaminados têm que ser aprovado pelos Ministérios da Agricultura e da Saúde. Enquanto essa eficácia não for comprovada, a indicação para os animais que tiverem a doença confirmada é a eutanásia”, disse.
Casos em humanos
Este ano, foram confirmados 12 casos de calazar em humanos, sem ocorrência de óbito. Segundo a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, em Aracaju, as áreas de maior incidência da doença são os bairros Mosqueiro, na zona de expansão da capital, América, Getúlio Vargas, Suíssa, Soledade, Lamarão, Santos Dumont. “Principalmente nesses locais, as pessoas vivem em casas com sítio, onde há presença de muita vegetação, animais de carga e doméstico, que produzem muita matéria orgânica que serve de alimento para o flebótomo”, disse.
De acordo com a coordenadora Gina Blinof, combater o mosquito transmissor do calazar não é tão simples. Diferente do mosquito que transmite a dengue (aedes aegypti), no caso do flebótomo não é possível visualizar sua larva, porque ela fica na terra. “Por esta razão trabalhamos muito com as pessoas a questão do manejo ambiental, fazendo a borrifação das residências e proximidade de áreas onde a presença do vetor foi confirmada, para evitar que ele se propague”, explicou.
http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=19738
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