Ursula estuda há oito anos o tráfico de animais e plantas e, segundo explicou à Agência Efe, por trás desse negócio se escondem empresas de remédios, pesquisadores "sem escrúpulos" e até "congregações religiosas".
Aranhas, rãs, sapos e serpentes são escondidos em bagagens falsas ou levados nos corpos dos traficantes, segundo a bióloga.
O veneno de algumas serpentes é usado para tratar a hipertensão, e rãs da Amazônia têm propriedades anestésicas patenteadas por uma multinacional.
Empresas dos Estados Unidos e do Japão possuem direitos sobre certas substâncias secretadas por sapos e que são utilizadas durante séculos por comunidades indígenas.
Os EUA também detêm a patente de plantas como o rupununine, um derivado da noz de uma árvore que cresce no Brasil e que é usada tradicionalmente por indígenas como remédio natural para doenças cardíacas e neurológicas.
Ursula também destacou o caso do cupuaçu, cujos direitos de exploração pertencem a uma empresa japonesa.
De 5% a 15% dos cerca de US$ 20 bilhões gerados anualmente pelo tráfico de animais e plantas passam pelo Brasil, segundo dados do Governo federal correspondentes a 2006.
Esse contrabando começou na época da colonização, se agravou na década de 60 e atualmente é um "autêntico abuso", segundo a bióloga da USP.
O tráfico de animais é crime, e a pena varia até 1 ano de prisão, mas Ursula diz que "a fiscalização é falha".
A bióloga trabalha na ONG Iandé, dedicada a denunciar essa situação com a ajuda de outras organizações e universidades, mas se trata de algo "muito difícil" de localizar, pois só se pode investigar quando empresas estrangeiras lançam um novo remédio elaborado com substâncias que provêm de animais brasileiros.
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2008/11/29094-biologa+da+usp+denuncia+trafico+de+animais+destinados+a+producao+de+remedios.html
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