domingo, 9 de agosto de 2009

Ibama busca destinação para felinos amazônicos

Por Natália Lima, do Ibama

Manaus - O Centro de Triagem de Animais Silvestres - Cetas da Superintendência do Ibama do Amazonas continua trabalhando para a destinação de um espécime de onça parda (Puma concolor), também conhecida na região como suçuarana ou onça vermelha.

O animal, um macho chamado carinhosamente de Shiva, chegou ainda filhote ao Cetas em dezembro de 2006, oriundo do município de Presidente Figueiredo/AM. Nos primeiros meses de vida, ficou sob os cuidados da bióloga Dayse Campista, do Zoológico do Tropical Hotel, de Manaus, e retornou ao Cetas em abril de 2007, onde está em um recinto aguardando local que possa abrigá-lo definitivamente.

No Cetas encontram-se hoje quatro felinos, sendo três jaguatiricas (Leopardus pardalis) e uma onça parda, o Shiva, para o qual tem sido firmada uma parceria entre Ibama e a Ong No Extinction - Nex no sentido de dar um lar definitivo para ele.

A história do Shiva não é incomum. Muitos felinos, entre eles outras onças pardas, onças pintadas (Panthera onca), jaguatiricas (Leopardus pardalis) e gatos maracajás (Leopardus weidii) são vítimas de vários fatores que têm se refletido na diminuição dessas espécies na natureza. Ressaltem-se a destruição do habitat natural (por meio do desmatamento e para dar lugar à agricultura e pecuária), a caça ilegal e o preconceito, e a desinformação sobre esses animais.

A maioria da população desconhece a importância dos felinos na natureza e só os vêem como ameaça. No entanto, como predadores de topo da cadeia alimentar, os felinos ajudam a regular os outros níveis tróficos e mantém, direta ou indiretamente, o equilíbrio das populações de outros grupos de animais como mamíferos, aves, répteis e demais espécies que presentes em suas áreas de ocorrência.

Os felinos com o histórico semelhante ao do Shiva e de tantos outros que passaram pelo Cetas e que não têm mais condições a retornar a natureza irão participar de programas de conservação “ex situ”, seja em criadouros conservacionistas/científicos ou em zoológicos. Embora existam algumas experiências com o retorno de felinos na natureza, essas ainda são incipientes e requerem mais estudos sobre os impactos, o próprio animal e a comunidade biológica do local aonde são destinados. Ademais, os treinamentos para readaptação de um animal cativo para voltar à natureza envolvem muitos custos e requerem equipe especializada e monitoramento.

Por outro lado, a manutenção de felinos em cativeiro requer condições de infraestrutura e investimentos financeiros, o que nem todos os criadouros de zoológicos dispõem. Aliado ao fato de que muitos desses lugares já mantêm em seu plantel exemplares dessa espécie, dificulta ainda mais a destinação de felinos, em especial de onças pardas.

É importante ressaltar que, diante da atual realidade, faz-se necessário o envolvimento mútuo entre órgãos públicos em suas várias instâncias, instituições de ensino e pesquisa, iniciativa privada, imprensa e sociedade, no sentido de se evitar ao máximo que esses animais saiam de seu ambiente natural. Ações como gerenciamento de “conflitos” entre gente e onça em áreas de ocorrência da espécie, campanhas educativas, apoio a pesquisas científicas sobre a biologia e comportamento das espécies, implementação de unidades de conservação e ações de monitoramento, controle e fiscalização podem colaborar na mitigação desse problema.

Tal envolvimento se faz necessário também para aqueles animais que se encontram em cativeiro, buscando-se, assim, o destino mais adequado para eles.

http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=61409&edt=34


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