segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Tartarugas sofrem na Costa Rica por causa das mudanças climáticas

A cidade de Playa Grande, na Costa Rica, é conhecida há muito tempo por abrigar o Parque Nacional das Tartarugas-Gigantes, por excursões noturnas para ver os animais nas praias e por manter até um Museu da Tartaruga.

Porém, o desenvolvimento desordenado, a alta na temperatura e o aumento do nível do mar, que muitos cientistas associam ao aquecimento global, diminuíram bastante a população de tartarugas no Pacífico.

Em uma praia onde dezenas de tartarugas costumavam fazer ninho, cientistas observaram apenas 32 tartarugas-gigantes em todo o ano passado. Com esses animais ameaçados de extinção, o caríssimo museu da tartaruga de Playa Grande foi abandonado há três anos, e agora jaz em meio a ervas daninhas. A bilheteria para tours de observação de tartarugas, que ficava pertinho da praia, foi destruída por uma grande onda em setembro.

“Já não promovemos mais este lugar como um destino de turismo para observação de tartarugas, pois percebemos que existem pouquíssimos animais”, conta Álvaro Fonseca, guarda florestal.

Mesmo antes que os cientistas descobrissem o aumento assustador das temperaturas ao longo da última década, as tartarugas marinhas foram ameaçadas pelo desenvolvimento da praia, pela pesca com rede e pelo gosto dos costa-riquenhos por comer ovos de tartaruga, considerados uma iguaria. Entretanto, as mudanças climáticas podem dar o golpe fatal em um animal que habita o Pacífico há 150 milhões de anos.

As tartarugas marinhas são sensíveis a inúmeros efeitos do aquecimento. Elas se alimentam em recifes, que estão morrendo em mares mais quentes e ácidos. Elas põem ovos em praias que estão sendo inundadas pelo aumento do nível do mar e tempestades mais violentas.

Um aspecto peculiar: o gênero da tartaruga não é determinado pelos genes, mas pela temperatura do ovo durante o desenvolvimento. Pequenos aumentos na temperatura da praia podem resultar em populações exclusivamente femininas – o que, obviamente, representa um problema para a sobrevivência da espécie.

“As tartarugas contam muito bem a história dos efeitos das mudanças climáticas nos hábitats costeiros”, diz Carlos Drews, coordenador regional de espécies marinhas do grupo conservacionista WWF. “O clima está mudando muito mais rapidamente que antes, e esses animais dependem muito da temperatura.”

Se a areia ao redor dos ovos atinge 30°C, o gênero tende a ser feminino, explica Drews. Em cerca de 32ºC, todas as tartarugas nascem fêmeas. Acima de 34ºC, “temos ovos cozidos”, diz ele.

Em algumas praias, cientistas estão resfriando artificialmente os ninhos com sombra ou irrigação.

Em lugares como Playa Junquillal, uma hora ao sul, jovens recebem US$ 2 por noite para colher ovos recém-postos e movê-los para uma incubadora, onde recebem sombra e são irrigados para manter a temperatura de 29,7°C, o que faz nascer ambos os gêneros.

Em todo o mundo, existem sete espécies de tartarugas marinhas, e todas são consideradas ameaçadas. Avalia-se que a tartaruga-gigante esteja criticamente ameaçada. As populações foram especialmente reduzidas no Pacífico, onde, segundo estimativas, apenas 2 mil ou 3 mil sobrevivem hoje; há duas décadas, eram cerca de 90 mil. (Fonte: G1)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=49940

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