quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Brasileiro cria esculturas sonoras com excrementos de animais

Escultura com excrementos de animais vegetarianos, do artista brasileiro Ramiro Magalhães, em frente ao Banco Popular da Borgonha, na cidade francesa de Dijon, em 1998.
Foto : Américo Mariano

Há mais de 20 anos, o artista plástico Ramiro Magalhães circula entre o Brasil e a França com seus projetos artísticos e uma forte obsessão : preservar a natureza. Em Paris, o artista trabalha em um ateliê comunitário, que também virou sede de sua associação em defesa do meio ambiente, a Guardião Planetário. No Brasil, tenta arrecadar fundos para concluir "a primeira escola de consciência ecológica do país", localizada ao lado de um parque em Itapuã, em Salvador.

Ramiro Magalhães começou a criar aos oito anos quando, ao invés de ir para a escola, ia pegar minhocas na floresta. Em seguida colocava os bichinhos vivos em cima de uma folha de papel e os cobria com pigmentos naturais de cores primárias. As misturas de cores surpreendentes que resultaram dessas experiências inspiram o artista até hoje. Como ele mesmo diz, as minhocas e a natureza foram seus primeiros mestres de pintura.

Ramiro ficou conhecido no Brasil quando realizou esculturas arqueológicas feitas com ossos de baleias encontrados em um cemitério no mar da praia de Itapuã. Suas mais recentes esculturas foram realizadas com excrementos de vaca e cavalo, compostos de fibras semelhantes às fibras de bambu, "um material resistente e interessante", como explica o artista. Elas farão parte de uma futura exposição, intitulada "Os Dez Cavaleiros do Apocalipse".

Atualmente, Ramiro Magalhães escreve uma comédia musical para 25 instrumentos originais, construídos com esses mesmos excrementos. "Uma criação sonora ecológica", diz ele. Alguns desses instrumentos já foram tocados na seda da Unesco, na Maison de Molière, no espaço Pierre Cardin e na Maison do Brasil, em Paris.

http://www.rfi.fr/actubr/articles/104/article_12871.asp


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