quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Chimpanzés maltratados em circo estão no Santuário de Sorocaba


Com marcas de maus-tratos primatas estão em Sorocaba

Após a operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para a retirada de bichos do circo - o Le Cirque -, onde o órgão encontrou uma série de evidências de maus-tratos, dois chimpanzés e um hipopótamo foram levados ao Jardim Zoológico de Brasília, no dia 12.

Com uma guia de trânsito do Ministério do Meio Ambiente, a dupla de primatas desembarcou ainda de noite em um santuário de chimpanzés, em Sorocaba. Mas uma nova decisão da Justiça no dia seguinte determinou que o Ibama devolvesse os animais em 24 horas, sob pena de multa de R$ 2 mil por dia.

Um dos proprietários do Le Cirque, George Stevanovich, protestou contra a transferência dos dois chimpanzés do circo. "Eles não nos comunicaram que iam levar os macacos e na guia diz que a finalidade é a pesquisa científica."

O advogado Luiz Sabóia e funcionários do Le Cirque chegaram ao Zôo para buscar os animais, respaldados por liminar concedida pelo juiz Alaôr Piacini, da 9ª Vara Federal do DF, que nega a existência de maus-tratos com base em relatórios antigos, de 2006 e 2004.

Os dois chimpanzés adultos que viviam isolados em uma jaula de três metros quadrados no circo - 20 vezes menor que a área mínima exigida pelo Ibama - agora estão em um área verde de 500 metros quadrados, onde convivem com outros 44 primatas. A associação sem fins lucrativos de Proteção aos Grandes Primatas (GAP) fornecerá assistência médica e alimentação adequada. "Fui pessoalmente a Brasília buscar eles, que estão banguelos, tinham correntes nos pescoços e apresentavam altos níveis de estresse", contou a presidente do GAP, Selma Mandruca.

A veterinária do Jardim Zoológico, Lúcia Magalhães, trabalhou no GAP por dois anos e cuidou dos animais antes da partida deles para São Paulo. "Quem perde com essa briga são os chimpanzés. Ele dizem que cuidam deles com se fossem filhos. Será que eles deixariam os filhos acorrentados em uma jaula enferrujada?", questionou. Lúcia explica que o santuário para proteção de grandes primatas que sofreram maus-tratos, em Sorocaba, é o lugar ideal para recuperação dos dois chimpanzés.

O CASO - O Le Cirque recebeu alvará para funcionamento na cidade em 1º de agosto, concedido pela Administração de Brasília. No dia 8, a administração revogou o documento por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que defendeu a realização de vistoria para averiguar as condições dos animais. Respaldados pela decisão do MPDFT, agentes do Ibama e da Companhia Ambiental da Polícia Militar visitaram o local e produziram relatório de 30 páginas, com fotos, denunciando o estado precário em que 14 animais viviam no lugar.

Segundo o Ibama, os dois chimpanzés foram submetidos a mutilações - castração completa (extirpação dos testículos) e extração cirúrgica dos dentes. Este fato contraria um laudo apresentado judicialmente em defesa do circo há dois anos, no qual o Ibama de Minas Gerais teria atestado que os chimpanzés não estavam castrados, o que demonstra que os chimpanzés sofreram as mutilações no circo neste período.

Além disso, há uma sentença deferida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo em fevereiro de 2007 contra o Le Cirque. A sentença ratifica a proibição do circo de exibir seus espetáculos com animais em qualquer lugar do território do Estado, sob alegação de que a submissão dos animais nos espetáculos circenses leva a uma situação de abusividade e crueldade que não pode mais ser tolerada pela sociedade moderna.

A carreta apreendida tinha aproximadamente 10 metros de comprimento e continha um hipopótamo e dois chimpanzés, vivendo separados apenas por um estreito corredor. Era uma espécie de carreta de caminhão na qual se improvisou uma pequena plataforma e um tanque de água para o hipopótamo e uma jaula de não mais que três metros de comprimento, dividida em duas partes, para os chimpanzés.

Os chimpanzés estavam confinados neste pequeno espaço, que se apresentava muito sujo e estava extremamente corroído pela ferrugem, com pontas cortantes por todos os lados. Os locais que seriam "camas suspensas" estavam tão deteriorados que não permitiam que os animais se deitassem.

As jaulas não apresentavam nenhuma condição de segurança. Estavam enferrujadas, tinham apenas pequenas portinholas de correr, de difícil manejo, por causa do desgaste, falta de graxa e manutenção inadequada. Estavam fechadas apenas por um cadeado simples cada, ao qual os chimpanzés facilmente tinham acesso manual, tendo o risco de quebrar e fugir. Além das mutilações, os chimpanzés têm marcas de correntes em seus pescoços e pequenas lesões pelo corpo.

http://www.diariodesorocaba.com.br/noticias/not.php?id=23771


notícias repassada para mim por:
Kelly Grassi

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