quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Le Cirque prepara manifestação em frente ao Congresso Nacional

Publicação: 14/08/2008 13:13 Atualização: 14/08/2008 13:38
O Le Cirque está organizando para amanhã, às 16h, uma manifestação em frente ao Congresso Nacional com a presença de artistas, empregados, familiares e até animais do circo. Segundo o advogado da empresa, Luiz Saboia, o protesto será contra a "perseguição que vem sofrendo por parte do Ibama e o descumprimento das decisões judiciais". Segundo Saboya, três decisões deferidas por juízes diferentes reconhecem a inexistência de maus-tratos nos bichos, posição que é contestada por um relatório da fiscalização ambiental.

O Ibama afirma ter encontrado uma série de evidência de maus-tratos. Após uma operação na manhã de anteontem, dois chimpanzés e um hipopótamo foram retirados do circo e levados ao Jardim Zoológico de Brasília. Com uma guia de trânsito do Ministério do Meio Ambiente, a dupla desembarcou ainda de noite em um santuário de primatas em Sorocaba (SP). O hipopótamo permaneceu no zôo, onde há vaga para a espécie.

Mas uma nova liminar determinou, na tarde de ontem, a devolução dos animais em 24h sob pena de R$ 2 mil por dia. A assessoria do Ibama informou que o órgão está empenhado em fazer cumprir a determinação. O coordenador de Fauna Antônio Ganme viajou hoje para São Paulo para providenciar a volta dos macacos.
Ganme disse ontem que o órgão vai recorrer da decisão. “Temos todas as provas dos maus-tratos e o juiz não leva isso em consideração”, protestou. Ele nega irregularidades no transporte dos macacos para São Paulo. “Os animais foram apreendidos e nossa missão é buscar o melhor lugar para eles. Como não havia vaga no zoológico, procuramos santuários e reservas interessados”. Segundo ele, se a justiça manter a devolução, os bichos só poderão voltar para Brasília em cinco dias, pois devem se recuperar da primeira viagem. Na noite de ontem, Antônio registrou queixa de ameaça contra Augusto Stevanovich, um dos proprietários do circo, na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).

Bem-estar
Os dois chimpanzés adultos que viviam isolados em uma jaula de três metros quadrados no circo — 20 vezes menor que a área mínima exigida pelo Ibama — agora estão em um área verde de 500 metros quadrados, onde convivem com outros 44 primatas. A associação sem fins lucrativos de Proteção aos Grandes Primatas (GAP) fornecerá assitência médica e alimentação adequada. “Fui pessoalmente a Brasília buscar eles, que estão banguelos, tinham correntes nos pescoços e apresentavam altos níveis de estresse”, contou a presidente do GAP, Selma Mandruca. A associação internacional tem quatro santuários no Brasil, e além de recuperar e socializar animais maltratados, ele realizam pesquisas de observação do comportamento dos macacos.

A veterinária do Jardim Zoológico Lúcia Magalhães trabalhou no GAP por dois anos e cuidou dos animais antes da partida deles para São Paulo. “Quem perde com essa briga são os chimpanzés. Ele dizem que cuidam deles com se fossem filhos. Será que eles deixariam os filhos acorrentados em uma jaula enferrujada?”, questionou. No lugar, as normas do Ibama para a manutenção de animais silvestres são ignoradas. Na vistoria, foi constatado que a girafa usada nos espetáculos não tinha espaço para erguer o pescoço no cativeiro, os seis elefantes vivem em uma área de 25 metros quadrados — tamanho de uma quitinete — e estão abaixo do peso. O rinoceronte africano, com feridas nos olhos, também passa a maior do tempo enjaulado.

Apresentações
A queda-de-braço do Le Cirque para apresentações com animais continua. O advogado do Luiz Saboia informou ainda que vai entrar, logo mais às 14h, com mandado de segurança contra a revogação do alvará do dia 8, que proibia a realização dos espetáculos no circo, que está instalado no estacionamento do Estádio Mané Garrincha.
http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_13/2008/08/14/noticia_interna,id_sessao=13&id_noticia=25282/noticia_interna.shtml

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