quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Diminuição de anfíbios ameaça meio ambiente

Eles têm má fama e assustam muita gente, mas são extremamente importantes para o meio ambiente. Os anfíbios são uma das espécies que mais têm diminuído na natureza. Seu grande declínio tem assustado pesquisadores, que alertam sobre o efeito que a diminuição da população de anfíbios pode acarretar no meio ambiente. Segundo os especialistas, a extinção de espécies tem sido especialmente grave em países como Brasil, Equador, Panamá, México, Costa Rica, Colômbia e Venezuela.

Uma recente avaliação global – publicada em julho do ano passado na prestigiada publicação científica Science – revelou que um terço das 5.743 espécies de anfíbios conhecidas está ameaçado de extinção. Os principais fatores que ameaçam a sobrevivência da espécie são as alterações climáticas, a destruição do habitat e doenças (causadas geralmente pela poluição ou por alterações em seu habitat, como inserção de espécies estranhas em seu habitat natural).

Segundo o mesmo relatório, desde 1980 desapareceram pelo menos 122 espécies de batráquios (sapos, rãs, pererecas e salamandras, os mais ameaçados dos anfíbios). A velocidade da redução também é alarmante, e 427 espécies de anfíbios (7,4% de todas as existentes) estão na iminência de não existirem mais num futuro bem próximo.

A preocupação aumenta porque a diminuição de anfíbios pode causar uma “reação em cadeia”, já que eles são parte importante do ecossistema, principalmente como controladores de insetos e outros invertebrados, sendo ora presas, ora predadores, num permanente processo de equilíbrio ecológico.

Sua redução representa, por um lado, a redução de alimento para outras espécies, que podem acabar diminuindo também. Por outro lado, também representa um aumento significativo da população de insetos por falta de um predador natural – insetos que podem se tornar verdadeiras pragas devorando plantas que seriam alimento de outras espécies, desequilibrando todo o sistema ecológico.

Além disso, os anfíbios (especialmente os batráquios) são muito importantes para estudos científicos, principalmente pelos pesquisadores de remédios, devido às secreções de sua pele. Atualmente, os anfíbios têm atraído a atenção de grandes laboratórios farmacêuticos devido à existência de diversos compostos químicos em suas peles. As pesquisas têm possibilitado a descoberta de substâncias que poderão atuar, por exemplo, como substituto da morfina, no tratamento do mal de Alzheimer e doença de Chagas

Termômetro para o aquecimento global

Além de sua importância para a cadeia ecológica, os anfíbios são um termômetro natural sobre a saúde ambiental, pois necessitam de um ecossistema equilibrado para manterem sua diversidade e seu crescimento. O declínio da espécie representa uma advertência de que está em curso um período sério de degradação ambiental.

Os cientistas têm mantido uma observação atenta para grupos de anfíbios, pois são uma das espécies que primeiro mostram os sinais de que algo está errado no meio ambiente. Isso se dá por causa de sua fisiologia (têm pele permeável, vivem na água e no solo e seus ovos não têm carapaça dura) e seu ciclo de vida (põem os ovos em águas rasas e sob a luz direta do sol, para receberem maior oxigenação, ajudar em seu crescimento e reduzir a predação). Desta forma, eles são expostos a uma ampla variedade de mudanças ambientais.

Através dessa observação, os cientistas já puderam constatar que o aumento da radiação da luz ultravioleta, provocado pela erosão da camada de ozônio, está provocando mutações e alterando o sistema imunológico das espécies de anfíbios – o que seria um alerta global para todas as espécies (inclusive para os homens). Também constataram que o uso cada vez maior de adubos modernos, despejos e estrume em seu habitat natural aumentam a incidência de infecções parasitárias – um dos maiores fatores para o declínio da espécie, e que também pode afetar a saúde humana.

http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=26989&action=reportagem

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