Por Antonio Silveira R. dos Santos
- Como se sabe, os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra e, atualmente, bilhões de pessoas moram em cidades e vilarejos costeiros, sobrevivendo quase exclusivamente da pesca e do turismo relacionado às suas belezas naturais.
O turismo é fortemente dependente dos oceanos. Milhões de viajantes em todo o mundo procuram locais à beira-mar para relaxar, praticar esportes aquáticos - como mergulho, vela e pesca - ou simplesmente para sentir a brisa e apreciar um bom jantar diante da paisagem.
Praias como as das Ilhas Seychelles, do Havaí, de países caribenhos e da costa brasileira são apenas alguns exemplos de lugares paradisíacos que têm sua atividade turística inteiramente dependente dos mares. Nesses locais, foram construídos grandes empreendimentos hoteleiros cada vez melhores e mais bem equipados, com mais variedade de atividades e itens de conforto para o bem-estar dos turistas.
E todos esses investimentos, cujo objetivo é atrair mais clientes, podem ser colocados a perder se a indústria turística e, em maior escala, toda a população do planeta não começarem a se preocupar de verdade com a poluição dos oceanos.
No começo deste ano chegou ao público a informação, retirada da respeitada revista Science, de que 40% dos oceanos já estão deteriorados e quase não existem mais locais no planeta sem poluição marinha. A informação confirma a crença de que a atuação humana desregrada não compromete apenas as porções de terra emersas. As águas e tudo o que está submerso também sofrem com o uso indiscriminado e não sustentável dos recursos naturais.
Não sabemos quantas espécies ainda desconhecidas do homem estão sob risco por causa da poluição marinha. O ser humano também sofre prejuízos diretos com o problema em vista de sua dependência milenar dos recursos marinhos para alimento - atualmente, também como fonte turística. A pesca predatória compromete o estoque natural de pescado.
O estudo publicado na Science concluiu que praticamente todas as regiões costeiras do globo estão altamente poluídas e mais da metade dos grupos de seres vivos sumiu do ecossistema marinho.
Os cientistas listaram fontes de impacto como poluição orgânica por pesticidas, lixo de navios e portos, excesso de pesca, mudanças climáticas pelo aquecimento global, introdução de espécies exóticas em ecossistemas aos quais elas não pertencem e construção de plataformas de petróleo.
Infelizmente, já não é raro encontrar locais turísticos com praias tão poluídas que as atividades dentro d''água se tornam pouco recomendadas. Praias impróprias para banho desestimulam a presença de visitantes, prejudicam economicamente a região e desestabilizam os empreendedores locais, que perdem clientes e capacidade de novos investimentos. Resultam também em propaganda negativa que impede o local de atrair novos turistas.
Diante das graves constatações científicas recentes, é urgente que todos trabalhemos em conscientização e que tomemos medidas concretas no sentido de proteger os oceanos e a vida marinha. Explorar conscientemente esses recursos é a única forma de evitar prejuízos à indústria turística a médio prazo. E de evitar, também, colocar em risco a nossa própria sobrevivência.
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