terça-feira, 26 de agosto de 2008

Quase 1.900 cães e gatos abandonados - Portugal


Situação “vergonhosa” e “nunca vista” corresponde aos meses de Janeiro a Julho

Um ano “caótico”, em termos de abandono de animais domésticos. Mesmo para quem trabalha há anos na Sociedade Protectora dos Animais Domésticos (SPAD), não há memória de uma situação assim – cerca de 1900 animais (cães e gatos) abandonados de Janeiro a Julho de 2008. Com uma agravante: Agosto apresta-se para engrossar ainda mais a pesada lista.

O cenário é preocupante, mas na SPAD é proibido desistir mesmo quando o desânimo parece querer puxar os braços para baixo. A realidade não deixa contudo de comportar alguma “desilusão” e “frustração” porque, para os responsáveis da SPAD, o que se tem passado este ano significa que a população ainda não compreendeu a mensagem.

“Em termos do bem-estar dos animais, verificamos que as pessoas têm melhorado, que os tratam com mais afecto, mas ao nível do abandono a situação é caótica”, lamenta-se ao Tribuna Maria José Gonçalves, responsável da SPAD para a área do abandono.

Em 20 anos de trabalho e dedicação aos animais, admite que 2008 está a ser dos “piores” anos que tem memória, e diz que a situação só não apresenta números mais dramáticos porque uma das armas que costuma utilizar é a “negociação” com as pessoas que ligam para a SPAD a pedir ajuda. “É das primeiras coisas que faço, para evitar que as pessoas abandonem os animais”, explica-nos.

Com 2008 a revelar-se terrível, a mudança de mentalidade, de cultura e uma maior responsabilidade individual e colectiva revelam-se fundamentais para que a SPAD possa responder de forma mais eficaz à sua função primordial, que é proteger os animais domésticos e zelar pelo seu bem-estar. “A vida de um cão não é atrás das grades”, lembra Maria José Gonçalves.

O crónico abandono de cães e gatos (também por aqui se mede o nosso grau civilizacional) tem trazido à liça novos factores comportamentais. Pensava-se que os animais deixados na via pública constituíam o maior problema para a Sociedade Protectora, mas a realidade é bem mais cruel.

Com efeito, a maior percentagem de abandono vem de dentro das casas, das famílias. Ou seja, conforme nos explica Maria José Gonçalvez, a SPAD está cheia de animais que as pessoas deixam pelas seguintes razões: mudança de apartamento; porque embarcaram; porque o animal cresceu muito; porque o condomínio não autoriza. Da rua é de onde vêm menos, até porque normalmente os bombeiros e as autarquias só recolhem as ninhadas e os animais feridos, doentes ou em perigo de vida.

http://www.tribunadamadeira.pt/?article=7763&visual=2&layout=25&id=2

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